As eleições são já amanhã, mas o assunto parece interessar pouco à maioria da comunidade portuguesa que vive num dos bairros que alberga o maior número de portugueses. O terrorismo preocupa mais.
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"Little Portugal". É desta forma que é conhecido no Reino Unido o bairro de Stockwell, nos arredores de Londres. Estima-se que aqui vivam perto de 35 mil portugueses. O sinal mais evidente da presença lusa são os estabelecimentos comerciais com produtos e nomes bem familiares.
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O café-restaurante "Estrela", na South Lambeth Road, é um dos pontos de encontro da comunidade. Ricardo Pereira, 44 anos, chegou há três meses e assistiu ao mesmo número de atentados em território britânico. Nada que faça esmorecer a vontade de construir aqui um futuro mais risonho para ele e para a família. Explica Ricardo, que "a mulher e os dois filhos chegam daqui a dois dias" e que em momento algum pensou regressar a Portugal.
É um sentimento partilhado por Gonçalo Cabeça. Tem 40 anos, vive há dois em Londres. Explica Gonçalo que vai continuar "a fazer a vida que fez até aqui". Admite no entanto que "terá mais atenção a carros e pessoas que pareçam suspeitas", sem no entanto viver com medo porque se é para viver com medo, então "mais vale fazer as trouxas e regressar a Portugal".
O tema dos ataques terroristas em Londres domina por estes dias as conversas de café, bem mais, sublinha Manuel, que as eleições gerais de amanhã. Diz este funcionário do estabelecimento que o assunto "passa ao lado". Justifica-o com o facto de a maioria dos portugueses que aqui vive não poder votar ao contrário do que acontece nas eleições locais.
Cristina Ferreira é uma exceção. Vive no Reino Unido há 20 anos, tem dupla nacionalidade, pelo que quinta-feira poderá ir às urnas. Vai e já sabe em quem irá votar: "Theresa May". Um sentido de voto explicado pelo facto de considerar que a candidata do partido conservador "dá garantias de maior estabilidade". A confirmar-se a tendência das últimas eleições, em 2015, será um voto minoritário. Aqui, no município de Lambeth, o partido trabalhista venceu com 54% dos votos.