Uma criança de doze anos no Masterchef Brasil foi alvo de comentários sexuais. Os ataques acabaram por gerar uma resposta viral no Twitter. Na "hashtag" #PrimeiroAssedio há milhares de mulheres a contar como foram assediadas em criança.
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A iniciativa partiu de uma organização de apoio a vítimas de violência sexual. A ThinkOlga e muitos brasileiros não gostaram de ler no Twitter coisas como: "Se tiver consenso é pedofilia?" ou "Viu o penta do São Paulo já aguenta".
São frases apontadas a uma criança. Chama-se Valentina e é uma menina de 12 anos com aspeto de criança de 12 anos.
A reação não demorou muito. A ThinkOlga lançou o repto.
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O Twitter explodiu.
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Muitas mulheres foram contando como foram assediadas ainda muito jovens.
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Algumas fizeram a revelação pela primeira vez.
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Assédios que não terminaram à medida que elas foram crescendo.
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E que muitas vezes são mal recebidos.
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A campanha #PrimeiroAssedio acabou por conseguir 82 mil tweets. Muitos, mais de 50 mil, diz a ThinkOlga, foram de mulheres a revelar experiências de assédio sexual que sofreram quando eram crianças ou adolescentes. "Sempre existiu o debate sobre o assédio. Mas a internet juntou as vítimas. Antes, você não falava sobre isso e aí o assunto morria. É importante que a gente enxergue que somos vítimas e, muitas vezes, não vamos enxergar sozinhas", afirmou à BBC Brasil, Juliana De Faria, a criadora da hashtag #PrimeiroAssedio.
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Juliana De Faria admite à BBC que se sente "emocionada de ver tantas mulheres falando sobre suas histórias" e defende mudanças no sistema educativo - incluindo a cultura de género nas escolas - para reduzir casos de abusos e estupros com meninas e mulheres. Talvez o consiga. O Ministério da Educação já admitiu incluir em alguns exames questões sobre a igualdade de género e no Twitter, o Governo brasileiro mostrou estar atento aproveitando a hashtag para relançar uma campanha contra a violência sobre crianças.