Foi mais uma manhã conturbada. Sexta-feira duma semana que, acima de tudo, tem provocado temor e exaustão.
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Hoje as sirenes tocaram, como em todos os dias desta semana - que se tornaram o novo normal. Esta manhã mais um prédio em Podilskyi, freguesia central da cidade, desta vez um edifício de cinco andares, que se incendiou depois de ser atingido por restos de um 'rocket' intercetado pelo escudo antiaéreo ucraniano.
Uma pessoa morreu, 12 foram resgatadas e 98 tiveram de ser retiradas do local. Desde o início da semana que tem acontecido todos os dias. O local das explosões e a tipologia dos prédios é variável: 16 andares, nove andares, cinco andares,... Tudo isto contribui para um sentimento de insegurança e uma pergunta paira no ar: quem será a próxima vítima? O que tem levado algumas famílias que ainda estavam em Kiev a partir para oeste de uma vez por todas.
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Mas a explosão num hangar de reparação aeronáutica em Lviv, grande cidade e centro de concentração de deslocados na Ucrânia, esta manhã, pode tingir a sensação de imaculada segurança que se vivia nas ruas, como o enviado da TSF em Lviv, Pedro Cruz, tem testemunhado.
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Em Kiev, a cidade continua a funcionar, resiliente. A recolha de lixo funciona, o abastecimento de bens essenciais funciona, os táxis, as farmácias. A anunciada chegada de tropas bielorrussas ao terreno a Norte de Kiev pode vir a alterar o equilíbrio de forças, mas, para já, a defesa ucraniana não tem permitido qualquer avanço, desde há mais de uma semana, por parte do exército russo. As posições no terreno não passam do rio que atravessa Irpin desde que a ponte foi destruída por ucranianos numa manobra clássica de guerra.
Tem havido ataques em cidades mais pequenas e aldeias próximas de Kiev, como, por exemplo Markhalivka, aldeia sobretudo de vivendas de habitantes com posses, muitos deles imigrantes. A TSF falou com um deles, que esta defender a sua cidade no 'checkpoint' da entrada para aldeia. Taras é engenheiro de software nos Países Baixos e voltou para defender a sua terra. Agora faz parte da defesa territorial, que é um grupo misto de civis, militares, e polícia. Diz que não percebe porque é que, de repente, todos os jornalistas querem vir à sua aldeia, que foi duas vezes bombardeada por rockets desde o início da guerra.
"Era apenas uma aldeia com casas boas, porque muitos, como eu, são imigrantes e temos dinheiro para fazer boas casas, mas é só isso, são só civis aqui, não percebo..." Diz também que ainda nada foi feito, que a NATO não fechou o céu ucraniano como é de facto preciso, opinião de milhões de ucranianos.
Esta quinta-feira, a zona foi toda fechada pelo exército ucraniano para investigação e proteção, devido à possibilidade real de fogo, e, por isso, foi impossível aos jornalistas aceder ao local.
Enquanto esperávamos, dois jovens saíram da aldeia a pé, viviam antes em Kiev. "Viemos para aqui logo no início da guerra porque achávamos que seria mais seguro aqui no campo longe da capital, mas estávamos enganados é muito assustador. É apenas uma aldeia e fizeram de algumas casas pó."
O centro comercial Lavina, na freguesia de Sviatoshynskyi em Kyiv foi também atingido por 'rockets' que geraram um incêndio. O incidente causou mortes. A guerra não para na capital ucraniana.
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