Reportagem TSF: "Bom dia, são 08h00 em Lviv." Enquanto a rádio Galiza emitir, a cidade resiste
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Em Lviv, a resistência ao invasor russo também se faz nas ondas da rádio. Nem a guerra conseguiu calar a voz da rádio Galiza. Apesar do receio assumido de que um bombardeamento russo possa deixar a rádio em silêncio, por agora, a emissão continua no ar nos 89.7 do FM. Como testemunhou o enviado especial da TSF à Ucrânia, Pedro Cruz, isso é encarado como um sinal de que, por enquanto, ainda está tudo bem em Lviv.
"Bom dia, são 08h00 em Lviv, na Ucrânia, menos duas horas em Lisboa. Estamos no nono dia de ataques contra o nosso país. A Ucrânia está a ser atacada pelas tropas russas, mas estamos aqui para resistir. Glória à Ucrânia!" Pedro Cruz explica que é assim que os animadores da manhã da rádio Galiza começam a emissão, que "chega a toda a Ucrânia ocidental através do FM e a todo o mundo pela internet".
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Os dois animadores, constata o enviado especial da TSF, "não mudaram o registo durante a guerra". "A música continua a tocar durante o dia, mas é interrompida pelas notícias de última hora" que impactam a vida dos milhões de ucranianos.
Na redação da rádio, ao lado do estúdio, o jornalista Roman é "mais reservado". "Não faltam notícias, mas um jornalista não é um homem de ferro", diz Pedro Cruz.
"A grande dificuldade é perceber o que se está a passar. Quer dizer, entender tudo isto. Eu sou apenas uma pessoa, um jornalista, e tal como os outros, tenho medo que haja bombardeamentos. A rádio está mesmo no centro da cidade. As sirenes de alerta estão sempre a tocar e estou preocupado com o que possa acontecer às pessoas se houver ataques", afirma Roman.
"Há três fotografias afixadas na parede do estúdio: uma de um avião, outra de um helicóptero e outra ainda de um tanque. Cada vez que o exército ucraniano destrói alguma destas máquinas de guerra do inimigo, uma cruz é desenhada em cima da respetiva imagem. São as pequenas vitórias que se contam na rádio e as boas notícias são para espalhar depressa", descreve o enviado especial da TSF.
"Emocionalmente é difícil, mas obter informação é muito fácil, porque ela chega-nos de várias formas", assume o jornalista ucraniano. O processo é simples: "Fazemos essa recolha e transmitimos o mais depressa possível, quer na rádio quer no online."
Pedro Cruz garante: "Enquanto a rádio tocar, é sinal que Lviv está em pé e a funcionar e que a cidade continua inteira como se nada fosse."
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