Reportagem TSF em Israel. Jerusalém parada para o sabat no tiquetaque sobre Gaza
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No lado de Israel mais afastado da Faixa de Gaza, o país está parado. O Sabat começou com o pôr do sol desta sexta-feira e vigora até ao pôr do sol de sábado. Fecha tudo.
É proibido cozinhar, é proibido mexer em máquinas, e a maioria da população, sobretudo no centro de Jerusalém - mas um pouco por todo o país - fecha tudo. As lojas fecham todas, não há sequer um supermercado aberto e as pessoas ficam em casa.
A zona visitada pela TSF, com muitos judeus ortodoxos, faz lembrar um domingo pachorrento. As pessoas passeiam com os filhos, há quem ande de trotinete ou de patins na rua onde costuma circular o elétrico que tem várias linhas na cidade, uma bela pista para um ou mais pares de rodas.
E o elétrico não anda porque é uma máquina e diz a lei judaica que, no Sabat, não se opera maquinaria.
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Há também grupos de jovens, uns mais ortodoxos do que os outros, fáceis de distinguir pela maneira como se vestem e cuja imagem é fácil de reconhecer.
As mulheres vestem-se de forma muito conservadora, os homens - que são quem quase sempre anda na rua - vestem fatos pretos com casacos compridos e chapéu preto de aba larga, ou o quipá preto na cabeça, e os tradicionais caracolinhos de cabelo de ambos os lados da cabeça que tanto crianças como homens adultos usam. Se fosse Portugal, dir-se-ia que é feriado.
O cenário contrasta com o que se viu esta manhã em Ashkelon, onde toda a gente estava escondida não por opção religiosa, mas por medo de correr riscos.
Quando a TSF saiu da cidade, já pelas 17h00 locais, não se via absolutamente ninguém na rua, nada movia e nem se ouvia qualquer som vindo de dentro das casas, algo que não acontece em Jerusalém, onde se ouvem crianças ou algumas pessoas a cantar.
No fundo, ouve-se o som normal de uma família em casa, algo que não acontecia na cidade já mais próxima da Faixa de Gaza. A população estava recolhida nos bunkers que quase todos os prédios e centros comerciais têm ou nos abrigos espalhados pelas ruas porque, em perto de cinco ou seis horas, segundo contas israelitas, foram intercetados mais de 250 rockets lançados sobre a zona.
O Hamas reivindica o lançamento de 150 e, com ataques muito pouco espaçados, por vezes nem havia tempo de ligar as sirenes. Só de correr para o abrigo.
*com Gonçalo Teles
