Reportagem TSF em Luanda. "Não é normal tanta passividade em Angola", estranha empresário português
Dos 27 anos que já leva em Angola, Joaquim Pereira diz que nunca viu um dia decisivo tão calmo. Explica esta "extrema passividade dos eleitores" com a "calma da oposição durante a campanha". Mas quanto ao momento de contar votos, aí, este empresário luso-angolano já levanta o sobrolho.
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No Bairro de Viana, como por toda a Luanda por onde passámos esta manhã, os ânimos estão tranquilos. Mesmo muito tranquilos. Tranquilos demais para Joaquim Pereira.
Dono de uma empresa de pneus, veio de Portugal há 27 anos, mas tanto tempo e tanta vida neste país fizeram também dele um cidadão angolano. "Não é normal tanto civismo, não é normal, mas ainda não se viu nada", afirma-nos com ar francamente espantado. Procura uma explicação e não parece encontrar. "Presumo que seja também um resultado da passividade dos partidos da oposição que não responderam a alguns ataques."
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A postura da oposição terá contaminado os eleitores também da oposição. Só já ao final da manhã, começaram a aparecer algumas poucas fotos de pessoas sentadas à porta de assembleia de voto, no que tudo indica ser uma resposta aos apelos para que os eleitores não se afastem muito dos seus votos, dos locais onde estão depositados, para que nada de estranho lhes aconteça.
Hoje até deve correr tudo bem, mas Joaquim Pereira receia que o clima se complique no momento de contar os votos e, sobretudo, à medida que Angola se aproximar do momento de declarar o vencedor destas eleições gerais.
"A partir do próximo fim de semana vamos ver, estou apreensivo" confessa o empresário. À cautela, já decidiu. "Vou ver se abro a empresa, tenciono ficar mais em casa, recatar-me, vamos ver o que se vai passar, mas a bem de todos, a bem de Angola, espero que corra tudo bem!"
