Reportagem TSF nos EUA: podemos discutir "coisas inúteis"? O cansaço das eleições norte-americanas
Na contagem decrescente para as eleições nos EUA, muitos americanos mal podem esperar pelo fim de uma longa maratona
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Duarte Sousa estuda a interacção pessoa-máquina no doutoramento que está a completar na Universidade de Carnegie Mellon (CMU), em Pittsburgh. Interessado na relação entre a Inteligência Artificial e a Educação, o estudante de doutoramento também está atento ao comportamento humano nas eleições dos EUA.
“Ainda há imensa incerteza no voto entre os dois candidatos”, afirma, avançando uma explicação. “Os eleitores votam muito no partido, o designado 'jersey vote' (voto pela camisola)", o que leva ao “acirrar de posições”.
A completar um ano de estudo na CMU, Duarte Sousa ficou impressionado com um episódio, pouco depois de ter chegado a Pittsburgh há cerca de um ano: um carro, que passava no campus da Universidade, reclamando a vitória de Donald Trump, nas eleições de 2020. Mais recentemente, reparou num rapaz que usava com um boné vermelho MAGA (Make America Great Again), palavra de ordem do candidato republicano. Na realidade, salienta Duarte Sousa, “basta sair um pouco do centro de Pittsburgh” para encontrar sinais de apoio ao antigo presidente que alimentam a teoria da Big Lie (a grande mentira).
É como se existisse uma “bolha” em Pittsburgh, em contraste com as zonas rurais. Certo é que num estado bombardeado pela campanha, já se sonha com o fim de uma longa maratona. “O processo dura imenso e as pessoas estão cansadas. Querem que as eleições aconteçam para voltar às suas vidas e ter discussões sobre coisas inúteis”, nota.