Reportagem TSF. O medo de que Odessa vá parar a mãos russas e o café que espera
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Os ataques russos na Ucrânia têm atingido sobretudo a margem esquerda do rio Dniepre, precisamente onde fica a cidade de Mykolaiv, atacada esta segunda-feira e que será estratégica para uma invasão terrestre de Odessa, o que por outros meios será difícil, ou não estivessem as praias e o porto minados.
Outro dos sinais de que Odessa poderá cair é o de que a refinaria da cidade ainda não foi bombardeada. Tem sido o ponto de abastecimento dos veículos ucranianos e, destruída, não poderá servir o mesmo fim para os russos.
Assim, a sua manutenção poderá ser um sinal de que Putin a quererá utilizar para proveito russo, até porque tem também acesso ao Mar Negro e de Odessa costumavam sair várias toneladas de cereais, mas também gás e petróleo.
Um café longo, como a espera
No pequeno mercado a céu aberto há produtos de higiene, camarão congelado, telemóveis, café e, sobretudo, livros. Encontra-se de tudo um pouco.
Chama-se Knizhka (livro), há bancas que até têm música. É, no fundo, um dos últimos sítios no centro da cidade que ainda têm vida.
Local de reunião para por a conversa em dia, antes da guerra era um centro cultural e de juventude rodeado de faculdades.
A clientela mudou, agora há militares a parar para beber café. E para cada café há vários cigarros, suficientes para que o fumo forme uma nuvem.
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O olhar de quem os fuma é vazio, olha para o vazio. No fundo, quem lá está quer preencher o vazio no tempo até que algo aconteça: um ataque russo.
As sirenes tocaram esta noite. Não aconteceu nada, mas serviram de lembrete. Há sempre café para beber enquanto se espera. E com um café, um cigarro. E outro.
