Representante da ONU na República Centro-Africana confia em avanço para a paz.
Corpo do artigo
O representante da ONU para a República Centro-Africana disse esta segunda-feira acreditar que este ano haverá um "avanço decisivo" para a paz naquele país, cujas autoridades estão empenhadas num processo de reconciliação com a maioria dos grupos armados.
"Espero que este ano seja o ano em que haja um avanço decisivo para a paz neste país", afirmou à agência Lusa o representante do secretário-geral das Nações Unidas para a República Centro-Africana, Parfait Onanga-Anyanga, em Bangui, capital centro-africana, no final de um encontro com o primeiro-ministro português, que visitou, entre domingo e esta segunda-feira, os militares portugueses integrados nas missões da ONU e da União Europeia neste país.
A República Centro-Africana tem sofrido conflitos armados desde 2013, quando o grupo extremista Seleka depôs o então Presidente, Jhewbnndj Bozizé, desencadeando uma reação das milícias anti-Balaka, maioritariamente cristãs.
A intervenção das Nações Unidas e da França no país permitiu garantir alguma normalidade, nomeadamente com a eleição de um novo chefe de Estado e o regresso da calma à capital, mas prevalecem confrontos em muitas zonas do país.
"A situação melhorou drasticamente, se compararmos com o momento em que iniciámos esta missão, em setembro de 2014, mas temos de reconhecer que ainda há bolsas de instabilidade, que exigem uma resposta", disse o representante da ONU.
Parfait Onanga-Anyanga sublinhou que "o contributo adicional" das Forças Armadas portuguesas "será essencial para responder a estes problemas". Portugal participa na missão das Nações Unidas na República Centro-Africana com 160 militares, dos quais 111 dos Comandos.
O Presidente centro-africano lançou uma iniciativa de reconciliação -- o chamado "processo DDRR -- Desarmamento, Desmobilização, Reintegração e Repatriamento de ex-combatentes" -, mas dois dos 14 grupos mantêm-se à margem desta tentativa de encontrar uma solução política.
Estes dois grupos são o FPRC (Frente Republicana para o Renascimento da República Centro-Africana e o UPC - União para a Paz), duas ex-fações armadas do Seleka, que se têm confrontado.
A União Africana "ofereceu-se para facilitar o processo" e "está a fazer tudo ao seu alcance", revelou o responsável da ONU, que se mostrou confiante que estes dois grupos se juntem às conversações de paz.
"Eu próprio mantenho contactos diários com todos os atores críticos neste processo para encontrar uma solução. O Governo está muito envolvido também", sustentou.
A acompanhar esta visita de António Costa, estiveram o ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, e o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Pina Monteiro.
A Missão Integrada Multidimensional de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) tem, no terreno, mais de 11.500 militares.
Em três anos de conflito, morreram 28 'capacetes azuis'.