Nos últimos cinco anos, a crise na antiga colónia francesa tem-se agravado. A República Centro-Africana é atualmente um dos conflitos mais alarmantes do continente.
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Pode falar-se de instabilidade na República Centro-Africana desde os anos 60, altura em que o país consegue independência da França. Mas os confrontos mais violentos começaram em 2013, devido a divergências internas.
Em outubro de 2013, os Séléka, um grupo de maioria muçulmana, derruba o governo de François Bozizé e coloca à frente do país o primeiro chefe de estado muçulmano da República Centro-Africana. O país mergulha numa crise de violência e os ataques a zonas de maioria cristã fazem milhares de mortos.
Como resposta, os cristãos formam milícias. Estes grupos, de nome anti-Balaka, passam a atacar muçulmanos sem fazer distinção. As Nações Unidas e a Amnistia Internacional chegam mesmo a falar de uma limpeza étnica.
Em 2014 há uma tentativa de acalmar o conflito com a nomeação de uma presidente cristã, mas as milícias continuam a massacrar muçulmanos, que respondem. De um lado, mesquitas incendiadas e livros destruídos; do outro, cristãos queimados vivos em igrejas. Registam-se também cada vez mais casos de violência sexual contra mulheres e crianças.
O confronto força milhares de pessoas a fugirem do país. A ONU calcula que, só este ano, 600 mil pessoas tenham sido deslocadas. Outras 500 mil saíram do país.
No verão, foi assinado um acordo de paz entre vários grupos rebeldes, mas o cessar-fogo já foi violado várias vezes.
As Nações Unidas mantêm mais de 12 mil capacetes azuis na missão da República Centro-Africana, dos quais 160 são militares portugueses. Só este ano, morreram 12 pessoas em missões de paz da ONU no país.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres quer mais 900 militares aos capacetes azuis que se encontram na região. Uma decisão que deverá ser votada em novembro pelo Conselho de Segurança da ONU.