Os republicanos estão a fazer mais exigências aos dirigentes do serviço de eleições do Estado da Geórgia na tentativa de anular a vantagem de 12 mil votos que o democrata Joe Biden tem nesta contagem.
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O congressista republicano Doug Collins, que dirige a equipa de Donald Trump nas operações de recontagem na Geórgia, e o presidente do Partido Republicano neste Estado, David Shafer, enviaram na terça-feira uma carta ao secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, a reclamar uma recontagem manual dos cerca de cinco milhões de boletins antes de os resultados serem certificados.
A reclamação foi feita um dia depois dos senadores republicanos David Perdue e Kelly Loeffler exigirem a resignação de Raffensperger, acusando-o de ter gerido mal o processo eleitoral, mas sem apontar quaisquer incidentes ou más práticas em concreto.
Estes dois senadores vão ter os seus lugares em jogo a 5 de janeiro, quando vão enfrentar nas urnas respetivamente os democratas Jon Ossoff e Raphael Warnock. Estas eleições devem determinar qual o partido que vai controlar o Senado dos EUA.
Raffensperger recusou demitir-se e defendeu a gestão do processo eleitoral que o seu gabinete fez. Este refutou um conjunto de alegações feitas por partidários de Trump.
Há uma possibilidade de a Geórgia avançar para a recontagem, como pretendem os republicanos.
O Estado deve auditar uma eleição antes de certificar os resultados para garantir que as novas máquinas de votos tiveram um funcionamento correto.
Na quarta-feira, Raffensperger vai anunciar qual a eleição que vai ser auditada. Se escolher a presidencial, a dimensão da amostra exigida para fornecer provas estatísticas de que o resultado está correto seria mesmo a recontagem de todos os votos depositados, disse na terça-feira, durante uma videoconferência de um grupo de trabalho para as eleições no Estado.
Independentemente da eleição que vier a ser auditada, Trump pode reivindicar uma recontagem depois de os resultados serem certificados se a margem de diferença se situar dentro de 0,5% de todos os boletins depositados, como é o caso.
Mas a operação seria feita por uma máquina de recontagem, com os boletins processados em 'scanners' nos serviços eleitorais dos condados, adiantou o gabinete do secretário de Estado.
Não há provas de fraude generalizada nas eleições que agora ocorreram nos EUA. Representantes eleitorais de ambos os partidos políticos declaram publicamente que o processo correu bem e os observadores internacionais confirmaram a ausência de irregularidades sérias.
Das várias queixas que os republicanos levaram a tribunal, em nenhuma se provou que o resultado eleitoral tivesse sido afetado e os juízes foram rápidos a decidir a sua anulação.
A dirigente da Faculdade de Direito da Universidade Mercer, Cathy Cox, e ex-secretária de Estado da Geórgia, disse que as leis do Estado colocam o ónus da prova de fraude eleitoral em Trump e nos seus aliados.
"Tudo o que se tem visto é ruído, rumor e fofocas. Apenas lançar barro à parede a ver se alguém compra", sintetizou Coz, uma democrata, que dirigiu os serviços eleitorais na Geórgia de 1999 a 2007.