Alto funcionário da administração Trump publicou "raro artigo de opinião" no The New York Times a dizer que há um grupo de oficiais que "tenta frustrar partes da agenda" e os "piores impulsos" do presidente dos Estados Unidos.
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"Há uma resistência silenciosa de pessoas dentro da administração [de Trump] que escolheu pôr o país em primeiro lugar." É assim que o autor de um artigo de opinião anónimo publicado esta quarta-feira no The New York Times apresenta o grupo de pessoas que "tenta frustrar partes da agenda" do Presidente dos Estados Unidos da América.
Deixando claro que este grupo de pessoas quer que as políticas de Trump sejam bem-sucedidas - como é o caso da reforma fiscal ou a maior robustez militar -, o autor sublinha que é importante que os americanos saibam que há pessoas na Casa Branca a lutar contra os ímpetos de Trump. "Pode ser um conforto frio numa era caótica, mas é importante que os americanos saibam que há adultos na sala", lê-se.
Este alto funcionário da Casa Branca acusa o Presidente dos Estados Unidos de não ter um sentido de moralidade. Vai mais longe ao dizer que o Presidente "tem pouca afinidade com os ideais conservadores", especialmente no que diz respeito à liberdade de pensamento e de pessoas, bem como os ideais de mercado livre.
No artigo lê-se ainda que os impulsos de Trump são anti-comércio e anti-democráticos, sublinhando o autor que, no caso da política externa, por exemplo, o Chefe de Estado norte-americano tem vindo a mostrar alguma preferência por ditadores a autocratas como o russo Vladimir Putin ou o norte-coreano Kim Jong-Un ao invés de mostrar apreço pelas ligações aos aliados.
Num ato considerado raro, a direção do jornal norte-americano justifica a publicação deste artigo de opinião de forma anónima dizendo que esta é "a única maneira de oferecer uma perspetiva importante" aos leitores. Os responsáveis do The New York Times dizem mesmo que publicaram o artigo de forma anónima a pedido do autor "cuja identidade é conhecida" por parte dos responsáveis editoriais e que a identificação do autor iria colocar em risco o seu trabalho na Casa Branca.
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Trump pede que o The New York Times identifique o autor do artigo
Recorrendo como habitual à rede social Twitter, o Presidente dos Estados Unidos questiona a existência deste alto funcionário da Casa Branca e sublinha que, a existir, o The New York Times deve entregá-lo por uma questão de segurança nacional.
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Antes, numa reunião na Casa Branca, o Presidente Donald Trump já tinha reagido a este artigo de opinião do The New York Times. "É um editorial cobarde", disse Trump lembrando que na cobertura da campanha presidencial o jornal pediu mesmo desculpa aos leitores.
Esta não foi a primeira vez que Trump falou deste alegado pedido de desculpas: em março de 2017 já o havia feito. À época, o The New York Times publicou na rede social Twitter que não tinha sido feito qualquer pedido de desculpas.
Acredita-se que Donald Trump se estivesse a referir a uma carta enviada pelo jornal aos subscritores onde se reconhecia que talvez pudesse ter sido menosprezado o apoio dos eleitores ao agora Presidente dos Estados Unidos.