Revisão do acordo de associação entre Israel e UE? Eurodeputados consideram que posição do Governo "é tímida e tardia"
O tema esteve esta quinta-feira em debate no Fórum TSF, após o ministro dos Negócios Estrangeiros ter adiantado que Portugal apoia a proposta dos Países Baixos para a revisão do acordo de associação entre Israel e a UE
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Portugal apoia a proposta dos Países Baixos para a revisão do acordo de associação entre Israel e a União Europeia (UE), mas o PS, PCP e BE afirmam que a posição do Governo português é insuficiente e tardia. O tema esteve esta quinta-feira em debate no Fórum TSF.
Para o eurodeputado Bruno Gonçalves, do PS, o Executivo podia “ter feito mais”, nomeadamente “do ponto de vista do timing”.
“O Governo de tinha também obrigação moral de acompanhar este movimento e de o promover”, defende.
Além disso, o eurodeputado socialista refere que o anterior Governo “liderava com Irlanda e Espanha um processo de reconhecimento do Estado da Palestina e existam negociações em curso” e questiona: “Porque é que o Governo não avança neste sentido?”
Já pelo PCP, João Oliveira faz críticas à posição do Executivo e defende que “aquilo que era necessário era suspender o acordo como forma de pressão sobre Israel”.
Esta posição do Governo português é tímida e é tardia, porque manifestamente esta posição e a intenção de rever o acordo de Associação da UE com Israel é muito limitada.
“Já há mais tempo que países como a Irlanda e a Espanha tinham proposto a consideração dessa possibilidade de revisão. Agora vemos também os Países Baixos e aparentemente o Governo português também associar-se a essa iniciativa. A verdade é que tudo isto está a acontecer demasiado tarde, porque há muito tempo que estas posições deviam ter sido tomadas pela UE e não apenas no sentido da revisão do Acordo de associação, mas no sentido da sua suspensão”, afirma o eurodeputado João Oliveira.
O BE partilha dos mesmos reparos. No Fórum TSF, a eurodeputada Catarina Martins condena que a UE mantenha o acordo de associação, “como a compra e venda de armas e uma série de outras formas de protocolo de financiamento”.
"Neste momento é mesmo muito importante que exista uma posição forte para sancionar Israel”, insiste.
Já no entender do eurodeputado do PSD, Sebastião Bugalho, a posição do Governo é um sinal muito forte de pressão sobre Israel. Ainda assim, alerta para a necessidade de se concretizar a solução de dois estados.
“Israel neste momento, infelizmente, caminha para uma posição na área Internacional que incorre num paradoxo perigoso: a anseia e ambiciona ter o apoio da comunidade Internacional, ao mesmo tempo que se afasta daquilo que é consensual na comunidade Internacional e no âmbito multilateral, onde este conflito poderá ser resolvido justamente com a solução dos dois Estados”, considera.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, adiantou esta quinta-feira, em entrevista à TSF, que Portugal apoia a proposta dos Países Baixos para a revisão do acordo de associação entre Israel e a UE.
Na quarta-feira, o MNE português também já tinha afirmado, numa publicação nas redes sociais, que está "profundamente preocupado com os planos de expansão" das operações militares de Israel na Faixa de Gaza, apelando "ao fim imediato das hostilidades" e "à libertação dos reféns".
Os ataques israelitas em Gaza mataram na quarta-feira pelo menos 92 pessoas, incluindo mulheres, crianças e dois jornalistas, revelaram as autoridades do enclave palestiniano controlado pelo Hamas.
