Robert Prevost, o novo Papa que recupera o nome Leão e "não vai trair a herança de Francisco"

Robert Francis Prevost passou a vida entre os Estados Unidos e o Peru. É formado em ciências da matemática, tem um mestrado em divindade e uma licenciatura e um doutoramento em direito canónico.

Robert Prevost foi ordenado em 1982 e juntou-se à missão agostiana no Peru, onde viveu durante duas décadas. Voltou aos Esdados Unidos no final dos anos 80 como pároco vocacional e diretor de missões da província agostiniana de Chicago.

Regressou depois ao Peru onde ocupou diversos cargos como professor de direito canónico. Foi pároco, funcionário diocesano, diretor de formação, 
professor de seminário e vigário judicial.

Em 1999, voltou à terra natal e foi eleito prior geral dos agostinianos, tendo cumprido  dois mandatos até 2013.

Em 2014, regressou ao Peru e o Papa Francisco nomeou-o administrador apostólico da diocese de Chiclayo. Um ano depois era elevado a Bispo e foi vice-presidente e membro do conselho permanente da Conferência Episcopal Peruana.

Durante esse período, os bispos peruanos desempenharam um papel importante na garantia da estabilidade institucional durante as sucessivas crises políticas que levaram à queda de diversos presidentes.

Em janeiro de 2023, Francisco nomeou-o prefeito do dicastério dos bispos, um cargo que só deixou quando o Papa morreu.  

Apoiou algumas das mudanças do Papa Francisco como, por exemplo, permitir que os católicos divorciados ou casados pelo civil recebessem a Sagrada Comunhão. Prevost é, no entanto, mais conservador em relação à comunidade LGBTQI+.

O novo papa não foi imune à polémica sobre os abusos sexuais na igreja, tendo sido criticado e alvo de queixas, em Chicago, por não ter afastado um 
padre condenado por violação. No Peru, Prevost é acusado de não ter investigado as acusações contra dois padres que terão violado três meninas. Nas duas acusações foi defendido pelas dioceses onde estava, que garantem que este iniciou as investigações canónicas adequadas e incentivou as vítimas a recorrerem às autoridades civis.

Há poucos dias surgiu a informação de que a diocese de Chiclayo pagou 150 mil dólares às três raparigas para as silenciar.

A eleição de Robert Francis Prevost como Papa torna-o o primeiro pontífice originário dos Estados Unidos da América. Robert Francis Prevost decidiu adotar o nome Leão XIV, um dos nomes mais escolhido entre os líderes da Igreja Católica.

Os nomes mais escolhidos pelos Papas ao longo da história da Igreja Católica foram João, por 23 vezes, Bento e Gregório ambos por 16, seguidos pelos nomes Clemente e também por Leão, agora com 14. Entre os nomes mais escolhidos estão também Inocêncio, com 12, Bonifácio com nove e Urbano com oito.

Manuel Vilas Boas, jornalista TSF especialista em religião, explica que Leão XIII foi um papa muito importante, porque sinalizou a intervenção da igreja social, mais do que espiritual. 

"Era um homem altamente respeitável e apontado por menos gente, mas é um homem que a Igreja Católica pode ficar segura de que não vai trair a herança do Papa Francisco. Prevost é um nome para que a Igreja possa sobreviver num mundo de grande perturbação que temos neste momento. Prevost, sendo americano e um missionário dos padres agostinhos, é alguém que chega com experiência missionário, algo de grande privilégio e intensidade.

Os cardeais reunidos na Capela Sistina elegeram o 267.º bispo de Roma e também líder da Igreja Católica no segundo dia do conclave.