
O país lusófono ocupa o 110.º lugar entre 180 países no ranking mundial de liberdade de imprensa
Manuel de Almeida/EPA (arquivo)
Os chefes militares terão apelado a todos os órgãos de comunicação social do país para que "cooperem [com a junta militar] a fim de evitar a disseminação de informações e mensagens que incitem à violência e à desobediência civil, sob pena de encerramento imediato"
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu à junta militar que tomou o poder na Guiné-Bissau em novembro que garanta "salvaguardas para a liberdade de imprensa" no país.
O Exército, nesta nação propensa a golpes de Estado, assumiu o poder a 26 de novembro, após destituir o Presidente cessante Umaro Sissoco Embaló na sequência de uma eleição presidencial. Os militares suspenderam o processo eleitoral e anunciaram que iriam assumir o controlo durante um ano, tendo publicado em dezembro uma carta de transição, que serve de quadro jurídico.
No entanto, segundo a RSF, os chefes militares apelaram a todos os órgãos de comunicação social do país para que "cooperem [com a junta militar] a fim de evitar a disseminação de informações e mensagens que incitem à violência e à desobediência civil, sob pena de encerramento imediato".
Os responsáveis pelos media locais afirmaram que veem isto como um apelo à "autocensura" e temem o "temem o controlo da informação".
A RSF cita, nomeadamente, o exemplo de países como o Mali ou o Burkina Faso, também governados por juntas militares, que, obrigaram "a imprensa a um tratamento patriótico das notícias, suprimindo qualquer informação independente e crítica".
A organização destacou também a suspensão, por parte da junta militar, da imprensa privada durante três dias após o golpe na Guiné-Bissau, que condenou, sublinhando que este é um "sinal preocupante".
O país lusófono ocupa o 110.º lugar entre 180 países no 'ranking' mundial da liberdade de imprensa elaborado pelos RSF em 2025, uma queda em relação a 2024, quando ocupava a 92.ª posição.
O país lusófono ocupa o 110.º lugar entre 180 países no ranking mundial de liberdade de imprensa elaborado pela RSF em 2025, uma queda em relação a 2024, quando ocupava a 92.ª posição.
A Guiné-Bissau foi palco de mais um golpe de Estado em 26 de novembro, três dias depois das eleições gerais - presidenciais e legislativas - que tinham decorrido sem incidentes, e na véspera da divulgação dos resultados oficiais, com a tomada do poder pelo Alto Comando Militar, que nomeou o general Horta Inta-A Presidente de transição.
O general anunciou que o período de transição terá a duração máxima de um ano e nomeou como primeiro-ministro e ministro das Finanças Ilídio Vieira Té, antigo ministro do Presidente deposto, Umaro Sissoco Embaló. Um novo Governo de transição foi empossado, com nomes do executivo deposto e cinco militares entre os 23 ministros e cinco secretários de Estado.
O país foi suspenso da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), da União Africana e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização em que detinha a presidência rotativa.
A oposição e figuras internacionais têm afirmado que o golpe de Estado foi uma encenação orquestrada por Umaro Sissoco Embaló, por alegadamente ter sido derrotado nas urnas, impedindo assim a divulgação de resultados.
Fernando Dias, que reclama vitória, está refugiado na embaixada da Nigéria. E entre os detidos está Domingos Simões Pereira, presidente do histórico Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
