O Pentágono afirmou hoje que a Rússia concentrou na fronteira com a Ucrânia tropas e material «bastante mais poderosos que tudo o que já se viu» desde o início da crise que opõe Kiev e os separatistas pró-russos.
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«As forças [russas] destacadas ao longo da fronteira estão munidas de uma capacidade excecional, o seu potencial de destruição não tem precedentes», declarou o coronel Steven Warren, porta-voz do departamento de Defesa norte-americano, ao mesmo tempo que se iniciou uma cimeira da NATO no País de Gales em que a crise ucraniana está no centro dos debates.
«Há tropas no terreno, uma maior concentração de peças de artilharia, uma maior concentração de sistemas de defesa antiaéreos, uma maior concentração de 'rockets'», precisou o coronel Warren, segundo quem «mais de 10.000 soldados russos» estarão destacados ao longo da fronteira. «Estamos bastante preocupados», observou.
A cimeira da Aliança Atlântica, à qual a Ucrânia não pertence, tenciona enviar uma mensagem de firmeza à Rússia, acusada de instigar as tensões e de apoiar os separatistas pró-russos no leste do país.
Durante o dia, o Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, anunciou à margem da cimeira que um acordo de cessar-fogo deverá ser assinado na sexta-feira com os rebeldes.
Entretanto, a Rússia avançou com sete propostas no âmbito do plano de cessar-fogo, referiu a agência noticiosa AFP.
Primeiro, o «fim das ofensivas militares pelas forças armadas e grupos ou milícias armadas no sudeste da Ucrânia», nas regiões de Donetsk e Lugansk.
Segundo, a «retirada das unidades das forças armadas ucranianas para uma distância que torne impossível dispararem contra áreas populacionais» utilizando artilharia ou todo o género de sistemas múltiplos de lança-foguetes, numa referência particular aos "katyusha".
Terceiro, permitir uma monitorização internacional «total e objetiva sobre o comprimento do cessar-fogo» e a monitorização da situação na zona de segurança prevista pelo cessar-fogo.
Quarto, «excluir todo o uso da aviação militar contra civis e áreas populacionais» na zona de conflito. Quinto, «organizar a troca total de pessoas detidas à força» e sem pré-condições.
Sexto, a «abertura de corredores humanitários para os refugiados e para a entrega de ajuda humanitária às cidades e zonas populacionais no Donbass», as regiões de Donetsk e Lugansk.
Sétimo, «possibilitar a deslocação de equipas às zonas habitacionais atingidas na região do Donbass» para proceder à sua reconstrução e à reparação das infraestruturas «e ajudar a região a preparar-se para o inverno».