Depois de mais um massacre na Síria, Rússia e China não se comovem ou compadecem. Os dois países, com assento permanente no conselho de segurança das Nações Unidas, mantém-se contra uma intervenção armada internacional.
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Através de uma declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros Serguei Lavrov, em Astana, capital do Cazaquistão, a Rússia referiu que vai continuar a bloquear no Conselho de Segurança qualquer texto que autorize uma intervenção externa na Síria.
«Não vai haver um mandato da ONU para uma intervenção exterior na Síria. Garanto-vos», declarou perante os jornalistas.
A China também manifestou hoje nas Nações Unidas «firme oposição» a uma «intervenção armada externa» na Síria, e a «qualquer tentativa de promover pela força uma mudança de regime».
«Estamos resolutamente contra as soluções da crise que sugiram uma intervenção armada externa ou qualquer tentativa de promover uma alteração do regime pela força», disse perante a Assembleia geral, em Nova Iorque, o representante permanente da China na ONU, Li Baodong.
Já em Washington, a Casa Branca condenou o novo massacre «revoltante» na província de Hama, e a recusa das autoridades de Damasco em permitir um inquérito dos observadores da ONU no terreno, considerando tratar-se de «uma afronta à dignidade humana».
«Não há qualquer justificação possível para a contínua recusa do regime em respeitar as suas obrigações nos termos do plano Annan», afirmou Jay Carney, porta-voz do Presidente Barack Obama, numa referência ao plano de paz sugerido pelo mediador internacional Kofi Annan.
A recusa do Presidente Assad em «assumir a responsabilidade destes terríveis atos apenas sublinha a natureza ilegítima e imoral do seu poder», acrescentou.
Também a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, denunciou como «imperdoável» o massacre cometido na quarta-feira em Al-Kubeir (centro da Síria) e exigiu um «inquérito completo» sobre estes «crimes horríveis».
«Condeno com determinação a violência brutal e a morte de dezenas de civis, incluindo mulheres e crianças, ontem nas povoações de Al-Kubeir e Maarzaf, na província de Hama na Síria», afirmou Ahston em comunicado, apelando a um «inquérito exaustivo sobre estes crimes horríveis».
No comunicado, a após sublinhar a importância em «identificar sem demora o responsável por estes massacres», Ahston refere-se ainda que a UE «condena com determinação todas as tentativas destinadas a bloquear a aplicação do plano de seus pontos do enviado especial Kofi Annan».
Antes destas reações, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, convidou as grandes potências «refletirem nos meios de agir de forma mais eficaz, atendendo à deterioração da situação» na Síria, acrescentando que «ninguém pode prever a evolução da situação, devemos estar preparados para qualquer eventualidade e prontos a reagir a diversos cenários».
Também o enviado internacional Kofi Annan exortou a comunidade internacional a «unir-se genuinamente» num novo esforço para terminar com a violência na Síria e alertou para uma escalada incontrolável do conflito.