Vladimir Putin e o aiatola Khamenei, dois grandes aliados do regime de Damasco, estão de acordo e rejeitam todas as "tentativas exteriores de ditar" o futuro da Síria.
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Após uma reunião de mais de hora e meia, "as duas partes salientaram a unidade de pontos de vista entre Moscovo e Teerão no que respeita à inadmissibilidade das tentativas exteriores de ditar cenários de solução política" para o conflito na Síria, disse um porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
De acordo com imagens transmitidas pelo canal russo Rossia-24, Putin declarou que "ninguém pode ou deve impor de fora ao povo sírio quaisquer formas de governação do seu Estado, ou dizer quem deve dirigi-lo. É apenas ao povo sírio que cabe decidir".
As palavras do chefe de Estado russo, que regressou ao Irão após oito anos sem visitar o país, surgem após os Estados Unidos, a França, a Arábia Saudita e a Turquia terem exigido a saída de Bashar al-Assad, Presidente da Síria, país cuja guerra já causou cerca de 250.000 mortos desde 2011.
A Rússia está a efetuar, desde 30 de setembro, uma campanha aérea contra grupos rebeldes na Síria, e intensificou recentemente os bombardeamentos contra as posições da organização 'jihadista' Estado islâmico (EI), enquanto o Irão faculta assistência militar ao regime de Assad, incluindo o envio de "conselheiros" e "voluntários".
Este mês, Viena acolheu um encontro de cerca de 20 potências, incluindo a Rússia, os Estados Unidos e o Irão, que estabeleceram o objetivo de atingir as negociações de paz antes de 1 de janeiro, mas os países estão divididos sobre o destino de Bashar al-Assad.
"O plano de longo prazo dos norte-americanos é dominar a Síria e, em seguida, assumir o controlo da região", o que representa "uma ameaça (...) especialmente para a Rússia e o Irão", considera Ali Khamenei, sublinhando que Al-Assad "é o presidente legal e eleito pelo povo sírio" e que "os Estados Unidos não tem o direito de ignorar esta votação e essa escolha".
O líder político e religioso do Irão publicou ainda no seu site na Internet que, se "os terroristas não forem eliminados, vão expandir as suas atividades destrutivas na Ásia Central e noutras regiões".
O Estado Islâmico, que ocupa vastos territórios na Síria e no vizinho Iraque, tem reivindicado diversos atentados no exterior, caso do de dia 13 em Paris (130 mortos) e de um contra um avião russo, que se despenhou no Sinai egípcio a 31 de outubro (224 mortos).
A Rússia e o Irão têm fortalecido os seus laços nos últimos anos com uma importante cooperação económica e militar, como testemunha o recente contrato de entrega pela Rússia, até o final do ano, de sistemas de mísseis de defesa antiaérea S-300.