As autoridades lituanas restringiram, desde este sábado, o trânsito ferroviário através do seu território para Kaliningrado.
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A Rússia formalizou esta segunda-feira um protesto pelo bloqueio parcial da Lituânia ao trânsito de mercadorias para o enclave russo de Kaliningrado e exigiu à representante diplomática de Vilnius em Moscovo o levantamento imediato da medida.
"Exigimos um levantamento imediato destas restrições", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros numa declaração citada pela agência espanhola EFE.
As autoridades lituanas restringiram, a partir de sábado, o trânsito ferroviário através do seu território para Kaliningrado no âmbito das sanções impostas pela União Europeia (UE) à Rússia por ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Kaliningrado é um enclave junto ao Mar Báltico separado do resto da Rússia e faz fronteira com a Lituânia e a Polónia, dois países da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
A encarregada de negócios da Lituânia em Moscovo, Virginia Umbrasene, foi chamada hoje ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo para lhe ser formalizado o protesto e comunicada a exigência do fim imediato da medida.
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A Rússia lamentou que a Lituânia tivesse decidido proibir o "trânsito ferroviário de uma vasta gama de mercadorias para a região de Kaliningrado sem aviso prévio".
O Governo russo disse à diplomata lituana que considera a decisão com uma "medida provocatória" e "abertamente hostil", segundo o comunicado.
Recordou também a Umbrasene que o bloqueio viola as obrigações internacionais da Lituânia, em particular a Declaração Conjunta UE-Rússia de 2002 sobre o trânsito entre o território russo e Kaliningrado.
"Se o trânsito de mercadorias entre Kaliningrado e o resto do território da Federação Russa através da Lituânia não for totalmente restabelecido em breve, então a Rússia reserva-se o direito de tomar medidas em defesa dos seus interesses nacionais", disse o ministério liderado por Serguei Lavrov.
Anteriormente, o porta-voz do Kremlin (Presidência), Dmitri Peskov, disse que a decisão da Lituânia era ilegal e avisou que Moscovo estava a considerar uma resposta.
"Trata-se de uma decisão sem precedentes, uma violação total. Compreendemos que isto está ligado à correspondente decisão da União Europeia de alargar as sanções ao trânsito [de mercadorias). Consideramos isto ilegal", disse Peskov.
O governador de Kaliningrado, Anton Alikhanov, disse que a medida afeta 40% a 50% do total das importações do território.
Alikhanov admitiu que as autoridades lituanas informaram o Serviço Ferroviário de Kaliningrado da sua decisão, que entrou oficialmente em vigor à meia-noite de sábado.
A UE e vários países, como os Estados Unidos, o Reino Unido ou o Japão têm decretado sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia por ter invadido a Ucrânia.
Os aliados ocidentais também têm fornecido armamento às forças ucranianas para combaterem as forças russas.
Portugal mantém 146 fuzileiros na Lituânia integrados numa força da NATO para garantir segurança às populações face a uma potencial agressão.