Rússia fala em perdas ucranianas "catastróficas", mas admite escassez de munições
Putin afirma que as autoridades russas podiam ter antecipado melhor os recentes ataques transfronteiriços da Ucrânia, que obrigaram Moscovo a colocar artilharia e aviões militares no seu próprio território.
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O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou esta terça-feira que a Ucrânia está a sofrer perdas "catastróficas na contraofensiva" frente às forças russas, mas admite que o país está a sofrer com o esgotamento das reservas de algum equipamento militar.
A sua avaliação surgiu horas depois de a Rússia ter afirmado que conseguiu capturar veículos blindados ocidentais das forças de Kiev no campo de batalha, e na sequência de mortíferos ataques de mísseis russos à cidade natal do líder ucraniano.
"As perdas ucranianas estão a aproximar-se de um nível que pode ser descrito como catastrófico", disse Putin durante uma reunião no Kremlin com jornalistas e bloggers russos que cobrem o conflito.
"Nos últimos dias, Kiev afirmou ter reconquistado uma série de aldeias na região oriental de Donetsk, depois de ter lançado uma ofensiva há muito esperada, apoiada por armas e treino ocidentais", continuou.
Putin admitiu, no entanto, durante a reunião no Kremlin, que as forças russas estavam a sofrer com o esgotamento das reservas de algum equipamento militar, apontando em particular os drones de ataque e os mísseis: "Munição de alta precisão, equipamentos de comunicação, drones, etc, nós temos, mas infelizmente não são suficientes."
O líder da Rússia reconheceu ainda que as autoridades podiam ter antecipado melhor os recentes ataques transfronteiriços da Ucrânia contra a Rússia, que obrigaram Moscovo a colocar artilharia e aviões militares no seu próprio território.
Putin falou à comunicação social horas após os ataques com mísseis russos à cidade natal de Volodymyr Zelensky terem matado 11 pessoas. Durante a noite, os ataques atingiram vários locais e destruíram um edifício de apartamentos de cinco andares na cidade central de Kryvyi Rig, deixando o fumo a sair do bloco habitacional repleto de destroços.
"Durante esta noite terrível, o inimigo matou 11 civis na cidade", disse Sergiy Lysak, o governador regional de Dnipropetrovsk. Zelensky afirmou, após os ataques, que as forças russas estavam a levar a cabo uma campanha contra "edifícios residenciais, cidades comuns e pessoas".
"Os terroristas nunca serão perdoados e serão responsabilizados por cada míssil que lançarem", afirmou numa declaração nas redes sociais.
A Força Aérea ucraniana avançou que a Rússia lançou 14 mísseis de cruzeiro e quatro drones de fabrico iraniano durante a noite, tendo sido intercetados dez mísseis e um drone.
A vaga de ataques ocorreu pouco antes de Moscovo ter afirmado que capturou vários tanques Leopard alemães e veículos de combate de infantaria Bradley americanos.
O Ministério da Defesa divulgou imagens que mostram as tropas russas a examinar o equipamento fornecido à Ucrânia pelos países ocidentais.
"Tanques Leopard e veículos de combate de infantaria Bradley. Estes são os nossos troféus. Equipamento das Forças Armadas ucranianas na região de Zaporizhzhia", afirmou o Ministério da Defesa russo num comunicado.
Kiev apelou aos seus aliados no Ocidente para que forneçam uma vasta gama de equipamento militar moderno para ajudar as suas forças a recapturar grandes extensões de território detidas pela Rússia.
O Ministério da Defesa russo disse que alguns dos veículos capturados tinham motores a funcionar, o que sugere que as batalhas em que estiveram envolvidos foram curtas e que as tropas ucranianas tinham "fugido" das suas posições ofensivas.
O Ministro da Defesa alemão disse que Berlim não consegue substituir imediatamente os tanques que forneceu à Ucrânia.
O comandante das forças terrestres ucranianas, coronel Oleksandr Syrskyi, disse que as tropas estavam a prosseguir "a operação de defesa no sector de Bakhmut", palco das mais longas batalhas da ofensiva.