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O sindicato de tripulação de cabine USO informou esta segunda-feira que foram cancelados oito dos 950 voos previstos no segundo dia de greve de tripulantes de cabine da Ryanair em Espanha, estimando em 1.600 o número de passageiros afetados.
Segundo a Ryanair, o número de voos cancelados no segundo dos dez dias de greve, convocada em protesto contra o encerramento de bases da companhia aérea em Espanha, representa apenas 1% dos programados, onde a capacidade média é de 189 passageiros por avião.
No domingo, a companhia aérea cancelou outros seis voos, o que eleva para 14 o número de cancelamentos nos dois dias de greve.
Neste contexto, a porta-voz da USO Laura Estévez lamentou a falta de envolvimento dos ministérios do Trabalho e Desenvolvimento no conflito, que tem origem no anúncio do encerramento de quatro bases da Ryanair em Espanha: Tenerife Sul, Gran Canária, Lanzarote e Girona.
O fecho daquelas bases poderá afetar 500 postos de trabalho, motivo pelo qual os grevistas de concentraram hoje em frente ao Ministério do Trabalho, em Madrid.
"Somente nós, os trabalhadores e os representantes sindicais que estão com eles, lutamos contra a Ryanair, contra o gigante, sem nunca ter o apoio do Ministério do Desenvolvimento ou o apoio do Ministério do Trabalho na aplicação da lei [do Trabalho] à Ryanair", afirmou Laura Estévez.
Além disso, Estévez reiterou as suas reclamações relativamente aos serviços mínimos decretados que, garantiu, são tão altos que 100% da programação de um dia normal deve ser operada.
Nas Ilhas Canárias, cujas bases da Ryanair transportam cinco milhões de passageiros por ano, foram operados 100% dos voos programados.
A estrutura sindical considera que a Ryanair se está a "reprecarizar" com marcas brancas, das quais cita a Laudamotion, e está tentar demitir trabalhadores ao mesmo tempo que faz entrevistas para contratar mais membros da tripulação e também pilotos para essas empresas de baixo custo.
Nesse sentido, Laura Estévez adiantou que há até opções para contratos em países com leis trabalhistas mais flexíveis, como por exemplo Malta, e que a companhia aérea pretende operar em Espanha com as condições dos 'freelancers' malteses.
O sindicato também denunciou que a companhia aérea está a usar tripulação estrangeira, de Portugal e do Reino Unido ou Alemanha, para operar voos e "furar" a greve em Espanha.
Além de Espanha, a Ryanair anunciou o fecho de outras bases na Europa, nas quais se inclui a do Aeroporto de Faro, no Algarve, no âmbito de uma estratégia da companhia para redução de custos.