O presidente do Conselho Nacional do Saara Ocidental pediu hoje ao Conselho de Segurança da ONU que pressione Marrocos.
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Para Kathri Adduh, é preciso que as Nações Unidas adotem decisões "firmes e corajosas" necessárias para salvaguardar o direito à autodeterminação do povo saraauí.
Numa intervenção no Senado da Argélia, Adduh, sublinhou que o mandato da missão da ONU para o território, a MINURSO, não só deve ser renovado como ampliado, para evitar que Marrocos prossiga com violações dos direitos humanos.
"Pedimos ao Conselho de Segurança e à ONU que assumam a sua responsabilidade e pressionem Marrocos para o obrigar a cumprir a Carta das Nações Unidas e a resolução 1514, que permite ao povo saarauí desfrutar do direito à autodeterminação", disse.
O líder Saaraui referiu que a missão da ONU foi estabelecida em 1991 para vigiar o cessar-fogo entre Marrocos e a Frente Polisário e para ajudar à organização de um referendo sobre a autodeterminação.
Em março, Marrocos decidiu retirar parte dos seus efetivos na MINURSO, depois de o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante uma visita ao território, ter utilizado a palavra ocupação para se referir ao controlo marroquino da maior parte do Saara Ocidental.
"Marrocos enfrenta agora toda a gente, não apenas nós e a Argélia, como também a União Europeia. Está numa posição louca, porque se retirou da legitimidade internacional e da lei internacional", disse Kathri Adduh.
Segundo o dirigente saarauí, isso ocorre porque Rabat continua a ter apoio político de várias forças estrangeiras, entre as quais França, e apelou à comunidade internacional para cooperar na busca de uma solução, antes que piore a situação "em toda a região do Magrebe".
Discussão em Nova Iorque
O Conselho de Segurança da ONU tem previsto discutir esta quarta-feira, à porta fechada, a questão do Saara Ocidental e fazer votar, na quinta-feira, uma resolução para prolongar o mandato da MINURSO por mais um ano.
O coordenador político da missão dos Estados Unidos junto da ONU, Christopher Klein, defendeu hoje que a ONU recuse a retirada de pessoal marroquino da missão e aprove o restabelecimento total das capacidades da MINURSO.
"O Conselho de Segurança não deve aceitar uma situação em que um país expulsa pessoal de uma operação de paz. O Saara Ocidental não é uma exceção", disse Klein, acrescentando que isso pode criar "um precedente inaceitável para outras missões".
O responsável norte-americano falava após uma reunião informal do Conselho de Segurança, na qual os países ouviram o enviado da União Africana (UA) para o Saara, o ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano.
À comunicação social, Chissano defendeu também o restabelecimento da missão e a necessidade de avançar para uma solução definitiva para o conflito.