Na próxima votação, que ocorrerá na terça-feira, Sánchez só tem de reunir mais "sim" do que "não".
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Pedro Sánchez acaba de falhar a investidura na primeira votação, depois de dois dias de debate.
O candidato espanhol ficou a dez votos da maioria absoluta, com 166 positivos, contra 165 negativos e ainda 18 abstenções.
Sánchez necessitava de obter 176 votos favoráveis para concretizar a investidura.
À votação de hoje faltou uma deputada que, em princípio, irá votar a favor da investidura de Pedro Sánchez na terça-feira.
Votaram "sim" à investidura os deputados do PSOE, do Unidas Podemos (extrema-esquerda) e de vários partidos mais pequenos nacionais e regionais, enquanto do lado do "não" esteve o bloco de direita -- PP (Partido Popular), Vox (extrema-direita) e Cidadãos (direita liberal) -- assim como outras formações de dimensão reduzida e de caráter regional.
A sessão de investidura como chefe do Governo do candidato do PSOE começou no sábado e termina na terça-feira.
Tudo indica que Pedro Sánchez será investido na terça-feira, depois de ter negociado a abstenção dos 13 deputados dos independentistas catalães da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), aceitando a criação de uma "mesa de diálogo" para resolver "o conflito político sobre o futuro da Catalunha".
O debate de investidura está a ser marcado pela forte contestação dos partidos espanhóis de direita a uma solução governativa que será possível apenas com o aval (abstenção) do maior dos partidos independentistas catalães, cujo líder, Oriol Junqueras, está a cumprir uma pena de 13 anos de prisão pelo seu envolvimento na tentativa separatista de 2017.
Sánchez apresentou no Parlamento, no sábado, no primeiro dia da sessão de investidura, o programa do Governo de coligação que os socialistas pretendem formar com o Unidas Podemos.
O programa prevê o aumento dos salários mais baixos e dos impostos sobre as maiores empresas, assim como reverter uma controversa reforma do mercado de trabalho feita em 2012 pelo Governo de Mariano Rajoy, do PP.
Se o líder socialista for investido na terça-feira, irá dirigir o primeiro Governo de coligação formado desde o início da democracia espanhola iniciada com a aprovação da Constituição de 1978, três anos após a morte do ditador Francisco Franco.
O PSOE e o PP foram-se alternando na condução de todos os executivos espanhóis durante os últimos 40 anos.
Sánchez tornou-se primeiro-ministro em junho de 2018, depois de propor uma moção de censura que derrubou o Governo minoritário de Mariano Rajoy muito fustigado pelos escândalos de corrupção de membros do Partido Popular.
O líder socialista dirigiu um Executivo também minoritário até que foi incapaz de aprovar no início de 2019 o Orçamento do Estado, tendo convocado eleições antecipadas.
O PSOE foi o partido mais votado em abril do ano passado, mas longe da maioria absoluta, não tendo conseguido formar um Governo com o Unidas Podemos, o que levou à repetição da consulta eleitoral que pouco alterou a distribuição de poder no Parlamento.
Na consulta eleitoral de 10 de novembro último, para o Congresso dos Deputados, o PSOE teve 28,0% dos votos (120 deputados), seguido pelo PP com 20,8% (88), o Vox (extrema-direita) com 15,1% (52), o Unidas Podemos com 12,8% (35), e o Cidadãos com 6,8% (10), ERC com 3,6% (13), com os restantes votos divididos por partidos de menor dimensão.