Para o ex-presidente da Comissão Europeia, as sanções dependem do que o Executivo "disser e fizer". António Costa terá de mostrar a Bruxelas que não há desvios nas metas e nas reformas estruturais
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"Em relação às sanções, depende muito do que o Governo português agora disser e fizer. Penso que o mais importante para os parceiros europeus é averiguar até que ponto é que Portugal está verdadeiramente decidido a manter as reformas estruturais e a manter prudência orçamental", disse Durão Barroso, à margem do Estoril Political Forum.
Questionado pelos jornalistas acerca da possibilidade de serem aplicadas sanções a Portugal por incumprimento, no ano passado, das metas inscritas para o défice, o antigo primeiro-ministro defendeu que o Governo de António Costa terá de mostrar às instituições europeias que está verdadeiramente empenhado.
"Se os parceiros de Portugal acharem que Portugal entrou num caminho de irresponsabilidade, então há uma probabilidade grande de aprovarem sanções. Se o Governo mostrar que está seriamente a tentar manter a casa em ordem e que vai manter as reformas estruturais, então não haverá consequências económicas negativas tomadas pelos outros países europeus", sublinhou.
Já sobre a proposta feita pelo Bloco de Esquerda, de se avançar para um referendo caso venham a existir sanções aplicadas a Portugal, Durão Barroso diz apenas que prefere não entrar no "debate político-partidário português".
Falando ainda do desempenho económico e orçamental português, o ex-presidente da Comissão Europeia defende também que, ao conseguir um maior equilíbrio das contas do país e ao cumprir as metas definidas por Bruxelas, Portugal terá maior probabilidade de ter uma voz forte no contexto europeu.
"É uma das razões pelas quais Portugal deve corrigir a sua situação orçamental e da dívida. Um país que está a pedir ajuda aos outros está sempre, de alguma forma, condicionado. Um país se quer contar no âmbito mundial não deve estar de mão estendida", adianta, sublinhando ainda que "Portugal não deve deixar o debate [sobre matérias como o 'Brexit'] para os membros mais fortes economicamente".