Um oficial do Exército informou Evo Morales de que estaria a receber uma oferta de 50 mil euros em troca da captura e entrega do então presidente boliviano.
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O presidente destituído da Bolívia, Evo Morales, já está na Cidade do México, onde lhe foi concedido asilo depois de ter sido forçado a demitir-se devido a protestos. À saída do avião que o transportou, Morales foi recebido pelo ministro mexicano dos Negócios Estrangeiros, Marcelo Ebrard.
"Lamentavelmente, a Polícia Nacional juntou-se ao golpe político e cívico", começou por lamentar o agora ex-governante, ouvido por jornalistas no local. "Nas últimas três semanas queimaram tribunais eleitorais, urnas, atas das eleições e sedes sindicais."
Morales acabou mesmo por fazer uma revelação pessoal: "Saquearam e queimaram a casa da minha irmã. Anteontem, tentaram saquear e queimar a minha casa, agradeço aos meus vizinhos que a defenderam." O antigo governante acusa as autoridades de "políticas de medo e intimidação".
"O presidente do México salvou-me a vida", garantiu Evo Morales, recordando que a 9 de novembro - no último sábado - um oficial do Exército o informou e lhe mostrou mensagens em que lhe era pedido que entregasse o então presidente boliviano a troco de 50 mil dólares. "Muito obrigado por me salvar a vida", continuou.
Por fim, uma promessa: "Enquanto estiver vivo, vou continuar na política. Não vou mudar por causa deste golpe."
Crise boliviana
A Bolívia sofre uma grave crise desde a proclamação de Evo Morales como Presidente para um quarto mandato consecutivo nas eleições de 20 de outubro, uma vez que a oposição e os movimentos da sociedade civil alegam que houve fraude eleitoral.
A situação no país piorou desde que Evo Morales renunciou ao cargo de presidente no domingo, com vários saques, incêndios e outros tumultos em grande parte do país.
A Agência Boliviana de Informação anunciou que o comandante das Forças Armadas do país, Williams Kaliman, já ordenou operações conjuntas com a polícia, utilizando "força proporcional" contra os grupos que praticam atos de violência.
Evo Morales renunciou ao cargo de Presidente da República da Bolívia no domingo, após quase 14 anos no poder, numa declaração transmitida pela televisão do país. Morales demitiu-se depois de os chefes das Forças Armadas e da polícia da Bolívia terem exigido que abandonasse o cargo para que a estabilidade e a paz possam regressar ao país.
A Assembleia Legislativa da Bolívia recebeu na segunda-feira a carta de renúncia de Evo Morales, em que diz esperar que o seu gesto evite mais violência e permita "paz social".