Se ação de Israel na Faixa de Gaza "não é genocídio, assemelha-se muito a um", diz vice-presidente da Comissão Europeia
Teresa Ribeira argumenta que o que as autoridades israelitas fazem "vai muito além dos limites do direito internacional"
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A vice-presidente da Comissão Europeia Teresa Ribera considerou esta quinta-feira que se a ação de Israel em Gaza "não é genocídio, assemelha-se muito a um", apelando aos países da União Europeia que imponham sanções contra Telavive.
"Se não é genocídio, assemelha-se muito à definição utilizada para expressar o seu significado", disse Teresa Ribera em declarações ao POLITICO.
A vice-presidente do executivo comunitário para uma Transição Ecológica, Justa e Competitiva foi o nome apresentado por Espanha e expressa a posição política do Governo socialista de Pedro Sánchez, crítico de Israel e que reconheceu o Estado da Palestina em maio de 2024.
"Aquilo que as autoridades israelitas disseram e fizeram vai muito além dos limites do direito internacional", completou a comissária, apelando aos países da União Europeia (UE) que acordem um regime sancionatório contra Telavive.
Na semana passada, a Comissão Europeia propôs a exclusão parcial de Israel de um programa de financiamento de empresas tecnológicas, uma vez que algumas dessas empresas poderiam estar a financiar ou a ser canalizadas para a invasão à Faixa de Gaza.
No entanto, têm aumentado as vozes a exigir ao executivo de Ursula von der Leyen que faça mais para impedir a morte de palestinianos em larga escala devido à ofensiva israelita, nomeadamente através do bloqueio de ajuda humanitária.
Sobre esta questão, há poucas semanas a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, disse que tinha chegado a um entendimento com o Governo israelita para permitir a entrada de mais ajuda humanitária no enclave palestiniano.
No entanto, Israel continua sem permitir a entrada de responsáveis da UE para avaliar a situação no terreno, pelo que os 27 estão totalmente dependentes de avaliações terceiras, nomeadamente as análises das Nações Unidas, outras organizações não-governamentais e as próprias autoridades israelitas.
Bruxelas advertiu que o incumprimento deste entendimento, cujos detalhes são vagos, mas que apontam para a entrada de 160 camiões com apoio humanitário por dia e a distribuição de 200 mil litros de combustível, poderia significar medidas mais pesadas para Israel, mas a Comissão Europeia também não explicou que tipo de medidas aplicaria.
Esta quinta-feira, em conferência de imprensa, em Bruxelas, a porta-voz Anna-Kaisa Itkonen repetiu o que tem vindo a ser dito: "Houve progressos parciais."
Mas não explicou em que é que estão baseados estes progressos e o que são em concreto, limitando-se a repetir que, ainda que haja progressos, são insuficientes para suprir as necessidades da população palestiniana, assolada por uma ocupação e a morrer à fome. Antes do início da ofensiva, desde 7 de outubro de 2023, entravam diariamente no enclave uma média de 500 camiões de ajuda humanitária.
Apesar da insistência nas questões dos jornalistas, os porta-vozes não revelaram que quantidades de apoio humanitário entram atualmente em Gaza por dia.
