Seca e incêndios violentos. O próximo verão na Europa pode ser igual ao do ano passado
A Europa pode registar uma repetição da seca severa que afetou o continente no verão passado.
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No último verão, o tempo seco diminuiu o caudal os rios na Alemanha, intensificou incêndios florestais em Espanha, esgotou os reservatórios hidroelétricos italianos e estragou colheitas em França. Este ano, a perspetiva não é melhor. A França enfrenta o período mais seco em 60 anos, sem chuva significativa nos primeiros meses deste ano e com níveis de queda de neve baixos. Em Itália, o rio mais longo, o Pó, tem 61% menos água do que o normal nesta época do ano, e em Espanha já se começou a enfrentar incêndios significativos, no mês passado. Os cientistas estão preocupados que estes fenómenos, causados pela crise climática, estejam a começar mais cedo e de forma mais agressiva.
No relatório especial sobre a seca na Europa em março, o Observatório Europeu da Seca alertou que as condições meteorológicas, no final deste inverno, foram semelhantes às do ano passado, quando a seca extrema afetou depois áreas em todo o continente nos meses de verão.
"Algumas partes da Europa não se recuperaram totalmente da seca do ano passado, e voltar ou continuar com tais condições pode ampliar os impactos e ter um efeito cascata", alertou Andrea Toreti, cientista sénior da Observatório Europeu da Seca, à Sky News.
A Comissão Europeia também alertou no mês passado, através de um outro relatório, para a possibilidade de um verão igual ou pior em relação a 2022. Bruxelas sublinhou ainda que a maioria dos países do Sul e oeste da Europa, entre os quais Portugal, devem preocupar-se com o abastecimento de água, com a agricultura e a produção de energia - que são muito afetados pelas secas.
Escassez de água na Europa
Nos Alpes, a escassez de neve e a quantidade de água congelada é ainda menor do que no ano passado. Isto significa uma grande diminuição da quantidade de água nos rios próximos, quando a neve derreter. A quantidade de neve deste ano é a mais baixa desde 2011, em Itália, e desde 1998, na Suíça.
A Europa precisa, por isso, de planos adequados para a utilização de água para lidar com os vários sinais de seca espalhados pelo continente. Na semana passada, o Presidente francês, Emmanuel Macron, lançou um plano alargado para economizar recursos hídricos. Também a Espanha já aprovou um investimento de 23 mil milhões de euros na gestão dos seus recursos híbridos, para enfrentar os efeitos das alterações climáticas.
Embora a Europa já tenha sido afetada por secas de verão, os especialistas temem que os últimos dois meses extremamente secos possam sinalizar uma nova realidade, causada em parte pelo aumento das temperaturas médias globais.