O comissário europeu para a Agricultura afirma que a Europa está atenta à devastação causada pelos fenómenos climáticos extremos da seca e das inundações
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O eurodeputado do PSD Paulo Nascimento pediu a criação de novos meios de gestão de crises para os agricultores fazerem face aos impactos dos incêndios e da seca. Em Estrasburgo, num debate esta manhã com o ainda comissário com a pasta da Agricultura e Alimentação, Paulo Nascimento alertou para a pressão que estes fenómenos colocam, “com quebras significativas na produção, custos cada vez maiores e riscos para a alimentação dos animais”.
O eurodeputado social-democrata sublinhou que, “em muitos casos, as reservas já foram consumidas e que os agricultores olham para o inverno com incerteza”.
“As consequências serão severas: menos produção de alimentos, os preços irão subir e teremos de aumentar as importações, colocando em risco a soberania alimentar da União Europeia. É urgente criar novos instrumentos de gestão de crises na agricultura e aumentar a dotação da reserva agrícola, que é insuficiente para fazer face à quantidade e gravidade dos eventos extremos a que assistimos. A segurança e soberania alimentar estão dependentes de uma boa gestão dos recursos hídricos, da aposta na ciência e inovação, na agricultura de precisão, e na digitalização, de modo a aumentar a eficiência na utilização da água e desenvolver espécies e variedades vegetais mais adaptadas às condições hidroclimáticas”, afirmou.
Já o socialista André Rodrigues afirmou que é hora de apoiar a rápida recuperação dos territórios afetados e pediu ação para enfrentar as alterações climáticas. O eurodeputado sublinhou que a estratégia para a resiliência hídrica anunciada pelo futuro comissário para a agricultura não deve ficar apenas no papel.
“Congratulo-me por ver anunciada nas cartas de missão dos comissários designados uma estratégia europeia para a resiliência hídrica, mas relembro que esta é já uma estratégia que continua por ser concretizada. Esta estratégia não poderá ser por isso um mero documento de reflexão. Precisamos de ação urgente, imediata e concreta, de alocar os recursos financeiros para salvaguardar o futuro da agricultura e das comunidades rurais”, afirmou, sublinhando que o tempo de agir é agora.
André Nascimento referia-se ao luxemburguês Christophe Hansen, nomeado esta semana pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Na sessão no Parlamento Europeu, o ainda titular da pasta, o polaco Janusz Wojciechowski, disse que a Europa está atenta à devastação causada pelos fenómenos climáticos extremos da seca e das inundações.
“Deixem-me ser claro: os agricultores e as comunidades locais podem contar com o apoio da União Europeia. Estamos a seguir a situação de perto com as autoridades nacionais dos países afetados. Temos uma plena avaliação da situação e do seu impacto sobre os agricultores e com conhecimento de causa vamos poder optar pela melhor solução de apoio, em plena concertação com os países interessados”, afirmou.
Wojciechowski reconheceu, no entanto, que “as políticas da União Europeia relacionadas com a produção de alimentos ainda não estão preparadas para os riscos do clima”.
O comissário europeu para a Agricultura sublinhou que os eventos extremos climáticos vieram despertar consciências para as alterações climáticas e “obrigam a outra política em relação aos solos”, acrescentando que são necessários “instrumentos inovadores”.
“Isto pressupõe investimentos na gestão de riscos, na prevenção da seca e investir mais nas culturas menos consumidoras de água e mais robustas”, salientou.
Numa nota positiva, Wojciechowski referiu que a Comissão Europeia “está a consolidar a sua capacidade analítica e de investigação para conseguir melhores previsões de seca”.