Os especialistas em transportes marítimos receiam que os atrasos se tornem no novo normal.
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Antes que o navio Ever Max, que transportava lâmpadas de lava, sofás, disfarces de Halloween e árvores de Natal artificiais, pudesse fazer a sua viagem inaugural pelo canal do Panamá este mês, uma seca histórica obrigou-o a perder peso, descarregando centenas de contentores. Por causa das condições meteorológicas, a Autoridade do Canal do Panamá teve de reduzir os pesos máximos dos navios e as travessias diárias numa tentativa de conservar água.
Os especialistas em transportes marítimos receiam que os atrasos se tornem no novo normal, uma vez que os défices de precipitação no quinto país mais húmido do mundo evidenciam os riscos climáticos que afetam a indústria dos transportes marítimos, que movimenta 80% do comércio global. Atualmente, os armadores têm três opções: transportar menos carga, mudar para rotas alternativas que podem acrescentar milhares de quilómetros à viagem ou enfrentar filas de espera que, no início deste mês, fizeram parar 160 navios e atrasaram alguns até 21 dias.
"É preciso ter cuidado porque as temperaturas estão muito acima do normal", alertou à agência Reuters Drew Lerner, fundador e meteorologista agrícola sénior da World Weather, cujos clientes incluem comerciantes globais de mercadorias.
Mais de 14 mil navios atravessaram o canal em 2022. Os navios porta-contentores são os mais comuns do Canal do Panamá e transportam mais de 40% dos bens de consumo comercializados entre o nordeste asiático e a costa leste dos EUA.