
A secretária de Estado francesa, Marlène Schiappa
AFP
Marlène Schiappa, secretária de Estado com as pastas da economia social e vida associativa, é a capa da edição francesa da revista deste mês de abril, numa altura em que o país vive uma forte instabilidade social.
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França está a viver uma forte instabilidade social depois da reforma das pensões anunciada pelo governo. Mas, nos últimos dias, a grande polémica envolve uma governante e a capa da edição francesa da Playboy.
A secretária de Estado francesa, Marlène Schiappa, foi entrevista e posou para a revista masculina, causando duras críticas da esquerda à direita e até no próprio executivo.
Schiappa, de 40 anos, responsável pela área da economia social, solidária e da vida associativa, posou de vestido branco e falou sobre os direitos da mulher, política e literatura na entrevista que concedeu.
Para o editor da revista, citado pela agência France-Presse, Schiappa é a governante "mais compatível com a Playboy" porque está comprometida com os direitos das mulheres e entende que a revista, fundada em 1953 nos EUA, não é apenas para velhos machistas, mas pode ser um "instrumento da causa feminista".
As fotografias de Schiappa na Playboy levaram a primeira-ministra, Elisabeth Borne, a telefonar à governante, onde criticou a sua aparição na capa da revista, dizendo ser "totalmente inadequada" face ao atual contexto de contestação social contra o Governo.
Nas últimas semanas, várias cidades francesas têm sido palco de violentos protestos contra a reforma das pensões aprovada de forma unilateral pelo executivo de Macron. O decreto aprovado pelo Presidente prevê o aumento da idade de reforma dos 62 para os 64 anos a partir de 2030.
A oposição de esquerda criticou a estratégia de comunicação do Governo, depois de o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, ter aparecido na revista LGBTQIA+ Têtu e de Macron ter também dado uma entrevista à magazine infantil Pif Gadget.
"Estamos a meio de uma crise social e tenho a impressão de que há uma cortina de fumo entre Têtu, Pif Gadget e Playboy", lamentou a deputada feminista Sandrine Rousseau na BFMTV. "A França está a sair dos trilhos", criticou o líder da esquerda e ex-candidato presidencial Jean-Luc Mélenchon.