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O Governo francês aponta para o comportamento arriscado dos jovens.
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A França registou 2500 novos casos de contaminação no início desta semana. Só na terça-feira foram confirmados 725. Contabilizam-se 183.804 pessoas infetadas desde o início da epidemia, segundo a Direção-Geral da Saúde.
A Direção-Geral da Saúde informou num comunicado de imprensa que "a circulação do vírus continua ativa em França", pelo que "temos de continuar atentos e respeitar rigorosamente o distanciamento social".
O comunicado alerta para o facto de a propagação do vírus ser pouco visível, sobretudo por muitos casos serem assintomáticos, nas camadas mais jovens. Os objetivos do governo francês são "despistar cedo e rápido, procurar todas as pessoas com quem os infetados estiveram em contacto e isolar os portadores e assintomáticos".
Mais de quatro milhões de testes foram efetuados desde o início da epidemia em França. Atualmente, são realizados meio milhão de testes por semana. Segundo a Direção-Geral da Saúde, 5.655 pessoas infetadas encontram-se hospitalizadas, entre as quais 398 em reanimação.
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Bruno Megarbane, chefe do serviço de reanimação no Hospital Lariboisière, em Paris, considera que os indicadores mais visíveis como "a taxa de reprodução efetiva, o número de novos casos de contaminação, a taxa de positividade dos testes" dão conta de um aceleramento da pandemia, que parecia até então sob controlo.
Os indicadores menos percetivos, como o número de entradas nas urgências, continua baixo, mas começa a sofrer um aumento: nos últimos dez dias, vinte pessoas foram hospitalizadas em reanimação nos hospitais públicos da região parisiense. No Hospital Lariboisière, "três pessoas estão em reanimação, entre as quais duas deram entrada este fim de semana", o que confirma "por todos os indicadores, mesmo os mais tardios, que a epidemia está a voltar a surgir".
Em entrevista ao diário Le Parisien, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, reagiu ao aumento do número de casos, apelando ao bom senso e responsabilidade individual. O governante abordou ainda a possibilidade de encerrar bares e cafés em determinadas regiões, se a circulação do vírus continuar a acelerar.
"Nos últimos dias, assistimos ao nítido aumento de casos positivos, que tinham regredido nas últimas treze semanas. Hoje atingimos o mesmo número de casos diários que tínhamos durante o desconfinamento", declarou o ministro da Saúde, que garante ainda assim "que não podemos falar de uma segunda vaga".
Jovens colocam as populações mais frágeis em risco
O ministro da saúde considera ainda que "os jovens não tomam os cuidados necessários" e que "a taxa de casos assintomáticos é elevada". Na região parisiense os "jovens chegam aos hospitais sem saber como foram infectados".
As viagens de férias podem ser um dos motivos para o aumento de número de casos nas próximas semanas. A esse respeito, Olivier Véran diz "entender perfeitamente a necessidade de mudar de ares e de respirar", mas apela à "vigilância da juventude" porque "o vírus, esse, não tira férias".
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"Não ganhámos a guerra", concluiu Olivier Véran. "O vírus continua a circular e temos de continuar a aplicar o distanciamento social, utilizar uma máscara e fazer um teste em caso de dúvida".
Para controlar a epidemia, cidades como Quiberon decretaram o fecho de praias, parques e jardins públicos durante a noite. A Câmara Municipal de Quiberam justificou a decisão com a "irresponsabilidade dos jovens", muitas vezes assintomáticos, que "uma vez contaminados, vão transmitir o vírus e expor as populações mais frágeis".