Seis pessoas foram mortas hoje na região muçulmana da Caxemira indiana durante uma manifestação diante de um posto das forças de segurança de fronteira, revelaram duas fontes policiais sob anonimato à agência de notícias AFP.
Corpo do artigo
«É o caos. Seis pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas. Estes números podem subir», disseram as fontes.
O incidente aconteceu em Gool, a 230 quilómetros de Srinagar, a principal cidade desta região administrada pela Índia, segundo as fontes.
Os manifestantes reuniram-se hoje depois de um incidente que envolveu militares numa mesquita na noite de quarta-feira, segundo testemunhas.
As testemunhas disseram à AFP que os militares entraram, no dia anterior, na mesquita de Gool para se queixarem das orações que eram feitas em voz alta pelos fiéis, típicas neste período do Ramadão.
Os fiéis muçulmanos reuniram-se hoje pela manhã diante dos postos das forças de segurança de fronteira para protestarem pelo incidente.
«Os soldados da BSF (Forças de Segurança de Fronteira) dispararam indiscriminadamente sobre os manifestantes», relatou à AFP testemunhas, entrevistadas por telefone a partir de uma cidade vizinha, Dharam.
A Caxemira, a única região com maioria muçulmana na Índia -- maioritariamente hindu -- está dividida entre o Paquistão e a Índia desde a independência de ambos os países do Império Britânico, em 1947.
Os dois países já se viram envolvidos em conflitos armados.
Na parte administrada pela Índia surgiu na década de 1990, com apoio do Paquistão, um movimento rebelde contra o Estado indiano.
Nos últimos anos, a violência vinha diminuindo, mas o enforcamento em fevereiro, em Nova Deli, de um rebelde da Caxemira - Mohamed Afzal Guru - por participar num ataque ao parlamento indiano em 2001, reavivou as hostilidades.
A chamada Linha de Controlo (LoC) que divide Caxemira é uma das zonas desmilitarizadas do planeta.