O antigo embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa espera que a atual situação política reforce a democracia no país.
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Francisco Seixas da Costa considera que "há um artificialismo" que "mina claramente o governo e a autoridade de Dilma Rousseff e, contrariamente à ideia que se possa criar, de que a entrada de Lula para o governo é uma forma de reforçar o papel da presidente" é antes "mais uma pedra naquilo que é o trajeto profundamente fragilizado que a Presidente tem".
Seixas da Costa considera que a decisão do juiz de mandar suspender a nomeação de Lula da Silva pode ser contrariada e por isso diz que "está criada uma instabilidade institucional que é difícil de resolver-se de uma forma pacifica".
"Vamos ter claramente uma confrontação, não diria violenta, mas vamos ter uma confrontação que manifestamente cria sobre a democracia brasileira uma sombra muito negativa", acrescenta.
O antigo embaixador lamenta que a situação tenha chegado a este impasse sublinhado que "o Brasil merece melhor do que isto".
No entender de Seixas da Costa, a corrupção é "algo que está profundamente instalado no sistema político brasileiro e não só à esquerda ou à direita, atravessa o sistema político brasileiro há muitos anos", e povo brasileiro "percebe que de repente viveu e habituou-se a viver com um sistema que manifestamente estava podre".
Por esta razão Seixas da Costa defende que "a justiça teria vantagens em alargar o seu campo de ação e mostrar que no passado, que não é muito distante, outros sectores da sociedade brasileira também estavam ligados a este tipo de práticas".
Francisco Seixas da Costa, que foi embaixador de Portugal no Brasil entre 2005 e 2009, critica a atitude de Lula da Silva embora admita que tem por ele "simpatia, pelo seu passado, pela sua história, por aquilo que deu ao Brasil e pelo salto grande que o país teve durante os seus anos de presidência".
Para o diplomata, o facto de o antigo Presidente ter assumido um cargo no governo de Dilma "para poder fugir" à justiça não é algo que "dignifique o Brasil" e a "sua própria biografia".