Lviv, a cidade onde os bebés passaram a nascer num abrigo "quente e sem luz natural"
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Desde o início da guerra, em Lviv, os bebés passaram a nascer num abrigo subterrâneo "sem luz natural, subterrâneo e quente", refere Ricardo Baptista Leite, médico e deputado do PSD. Em conversa com a TSF, revelou que esta está a ser a sua primeira experiência num cenário de guerra.
Os cuidados intensivos aos bebés que nascem em Lviv, na Ucrânia, estão a funcionar, desde o início da guerra, num abrigo subterrâneo. A visita ao bunker foi o que mais impressionou o médico Ricardo Baptista Leite, que está há uma semana na cidade ucraniana a convite do governo regional e da associação dos ucranianos em Portugal.
Em declarações à TSF, o médico e deputado do PSD mostrou-se impressionado com o que viu na unidade de neonatologia do hospital regional de Lviv. Durante a visita, viu "bebés recém-nascidos, alguns com muitos problemas de saúde e muitos prematuros, com menos de um quilo".
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Ainda na Ucrânia, o profissional de saúde contou que, por várias vezes "tinha a t-shirt colada ao corpo quando estava a trabalhar, com uma ventilação longe da desejável" e, por isso, considera que existe pressão e stress acrescidos por trabalhar nessas condições. "No caso das grávidas, quando tocam as sirenes, têm de ir para os bunkers e já nasceram sete bebés", refere.
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A trabalhar como voluntário no Hospital de Lviv, Baptista Leite nota também os problemas de saúde mental, que apareceram com o decorrer da Guerra na Ucrânia. "Há sinais claros de um desgaste brutal" e, após falar com alguns psicólogos da região, percebeu que "os casos de ansiedade, depressão e dissociação" são cada vez mais.
O deputado social-democrata vai ficar mais uma semana na Ucrânia, enquanto decorre uma campanha para comprar equipamento para o hospital ucraniano. Um dos objetivos da campanha é a compra de um gerador a diesel, porque "o hospital tem algumas deficiências em termos de tecnologia".
O local tem alguns pequenos geradores disponíveis, mas "no caso de uma falha mais grave podem estes serviços ficar sem energia, o que pode ser dramático para as crianças e alguns adultos em situações mais graves ou, imagine-se, no meio de uma cirurgia de cardiologia", algo que pode ter "efeitos devastadores", conclui.
Além de um gerador, a campanha quer comprar equipamento pós-intensivo para os recém-nascidos e instalar tubos de oxigénio na unidade de terapia intensiva e hospitalar das crianças, no Hospital Regional de Lviv. O objetivo é chegar aos 170 mil euros. Os donativos podem ser feitos no site da Associação dos Ucranianos em Portugal.
