Manifestantes exigem que presidente francês reconheça a responsabilidade do Estado francês na morte de Maurice Audin.
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Há 61 anos, a 11 de junho de 1957, no decorrer da batalha de Argel, Maurice Audin, matemático comunista de 25 anos era detido por paraquedistas franceses diante da família, antes de ser torturado e assassinado. O jovem assistente na faculdade de Argel nunca regressou e o corpo desapareceu.
Decorre esta segunda-feira uma manifestação na praça Maurice Audin, em Paris, para exigir o reconhecimento público de um crime de Estado cometido contra o matemático comunista.
Será que um dia será conhecida a verdade quanto às circunstâncias do assassínio de Maurice Audin detido, torturado e assassinado por forças francesas? O Presidente da associação Maurice Audin afirma que se conhece a verdade desde 1957.
"Sabemos absolutamente tudo, Maurice Audin foi detido por paraquedistas franceses, levado para ser detido, torturado - há testemunhas que viram o estado em que se encontrava, nomeadamente Henrri Alleg, que escreve sobre este caso, e foi assassinado. O que não sabemos é em que condições; se foi executado ou morreu sob tortura não sabemos e talvez nunca o saberemos, mas ele foi assassinado e as forças armadas fizeram desaparecer o corpo e depois pretendido que tinha fugido".
Passados mais de 60 anos, a investigação não ficou esquecida, a história de um homem que revelou todo um sistema: o da prática generalizada da tortura durante a guerra na Argélia. O jornal comunista l"Humanité publicou há duas semanas, a 29 de maio, uma carta intitulada "Senhor Presidente, reconheça o crime de Estado", assinada por dezenas de personalidades que se dirigida ao Presidente francês para que reconheça a responsabilidade do Estado francês na morte de Maurice Audin.
No ano passado, o Presidente francês ligou à viúva de Maurice Audin para a confortar, dizendo-lhe que iria fazer tudo o que estivesse ao seu alcance. Passou, entretanto, um ano e nenhuma declaração pública foi feita, acusa o filho, Pierre Audin.
"Temos hoje um Presidente da República que há um ano, a 11 de junho de 2017, ligou à minha mãe, sem que ninguém tivesse pedido nada, para lhe dizer que não podia deixar passar a data de aniversário sem ligar e para lhe dizer que iria fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para lhe dar as respostas pelas quais (ela) espera. O Presidente Macron não fez o mínimo esforço que poderia ter feito. Desde quase 1957, sabemos que Maurice Audin foi torturado, assassinado. Não sabemos se foi apenas assassinado ou se foi executado, mas não sabemos onde está o corpo. Ainda assim, há muitas coisas que foram estabelecidas pelos historiadores e sobre esses factos, o presidente Macron poderia contentar-se em fazer uma declaração para que os que ainda estejam vivos e guardam segredos de Estado possam falar e dizer o que sabem porque a razão do estado hoje seria reconhecer o que aconteceu para avançartanto na política francesa como nas relações franco-argelinas tensas por não reconhecer o que realmente aconteceu."
Em 2012, o antigo presidente francês François Hollande tinha dado um primeiro passo importante, aquando uma deslocação à Argélia, em que reconheceu o sofrimento e tortura da colonização; " durante 1932 a Argélia foi submetida a um sistema profundamente injusto e brutal. Reconheço aqui o sofrimento que a colonização infligiu ao povo argelino."