Sete mil desalojados em Díli. "As inundações foram devastadoras e situação é desoladora"
O jornalista Pedro Brinca conta à TSF que o cenário encontrado em Díli, capital de Timor-Leste, é de tal forma devastador que é preciso recuar a 1972 para encontrar semelhantes danos e prejuízos.
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O alcatrão elevou-se com a força das águas, e os carros foram levados pela correnteza até ao leito do que agora é o curso das ribeiras. O rasto de destruição que invade o olhar. Numa volta à capital de Timor-Leste, o estado de Díli faz antecipar que o problema não é de cura rápida. As águas avançaram sobre a cidade, onde já morreram pelo menos 27 pessoas. O jornalista Pedro Brinca conta à TSF que "a situação é desoladora" e "as inundações foram devastadoras".
Pedro Brinca explica que o problema não está apenas na subida das águas, mas, sobretudo, na "força com que a força destas montanhas nas ribeiras entra, com uma potência devastadora, levando tudo à frente". E são também viaturas, "algumas de grande dimensão", que se juntam, a reboque, no leito da principal ribeira que atravessa a cidade, a ribeira de Comoro. "Muitas casas foram arrastadas, assim como noutras ribeiras, no terminal", acrescenta Pedro Brinca.
"Muitas estradas cederam", e já não é possível ceder passagem nos caminhos interrompidos. "Durante esta semana, e até se conseguir reparar algumas delas, vai ser muito complicada a mobilidade em Díli, porque há estradas de grande importância que estão cortadas, a começar pela Avenida de Portugal, à beira-mar, onde está grande parte das embaixadas", admite mesmo o jornalista.
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O olhar de Pedro Brinca paira sobre uma parte considerável de uma estrada que ruiu e sobre um muro de uma via que passa ao redor da ribeira de Comoro e que ruiu também em duas partes, mas não são provas únicas de destruição. "Um pouco por toda a cidade há situações dessas, de alcatrão completamente levantado pela força das águas, que impede a circulação de qualquer tipo de viatura. Vai levar algum tempo a reparar."
Com as dificuldades na resposta imediata de apoio às populações, o ministro timorense do Interior esteve a distribuir comida cozinhada pela mulher e por outros particulares, como um hotel em Timor-Leste. "O ministro do Interior passou grande parte da madrugada a distribuir comida, numa iniciativa das Nações Unidas. Como ele comentou, foi a própria esposa que esteve a cozinhar."
A iniciativa é simbólica mas não chega para alimentar os desalojados da primeira noite. Os meios da Proteção Civil estão no terreno, e foram avançadas informações de que há sete mil desalojados só em Díli.
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Pedro Brinca constata que há quase 50 anos que Díli não enfrentava chuvas tão intensas."Talvez fruto das alterações climáticas, isto tem-se alterado. Já tem acontecido haver dias com muitas horas de chuva, mas de três dias seguidos a chover, como aconteceu este ano, já quase não havia memória", reconhece, tendo de recuar a 1972 para encontrar paralelo.
"Há quase 50 anos que Díli não vivia uma situação com estas dimensões", conclui.
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