Sudaneses estão nas ruas em protesto por um governo civil, depois de os militares terem tomado o poder, após a deposição do antigo governante Omar al-Bashir.
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Pelo menos sete pessoas foram mortas e mais de 180 ficaram feridas, este domingo, durante protestos no Sudão, segundo agência de notícias estatal (SUNA).
Dezenas de milhares de pessoas saíram à rua, um pouco por todo o Sudão, para exigir um governo civil para o país, cerca de três meses depois de o autocrata Omar al-Bashir ter sido deposto pelos militares.
O protesto foi convocado por estudantes universitários, que têm protestado para exigir a transferência de poder dos militares para a autoridade civil.
As manifestações decorrem durante um impasse de semanas entre o Conselho Militar do Sudão, que governa o país, e os líderes dos protestos, com as conversações entre os dois lados sobre um acordo de partilha de poder a fracassar no início deste mês quando as forças de segurança usaram a força para dispersar uma concentração de manifestantes.
Nessa altura, pelo 128 pessoas foram mortas, segundo médicos próximos da contestação. As autoridades evocaram um balanço de 61 mortos.
O Departamento de Estado norte-americano pediu no sábado ao Conselho Militar no Sudão que permita os protestos pacíficos e evite usar "qualquer tipo de violência" contra os sudaneses que devem ter direito à liberdade de expressão.
Entretanto, na passada quinta-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas decidiu estender por mais quatro meses a sua missão de manutenção de paz na região de Darfur, no Sudão (UNAMID).
A ONU justificou a continuação dos capacetes azuis em Darfur com a necessidade de avaliação da evolução da situação na capital do país.
Europeus e africanos com assento no Conselho de Segurança pediram a suspensão da retirada da missão da ONU, mas a China e a Rússia pediram a sua continuação, e argumentaram com o princípio da não interferência nos assuntos internos sudaneses.
Depois de vários meses de manifestações, em abril o exército sudanês liderou um golpe de Estado contra o Presidente, Omar al-Bashir. Desde então, o Sudão continua a ser palco de um impasse entre o Conselho Militar e os líderes da oposição que exigem a transferência de poder para os civis.
Há um ano, o Conselho de Segurança da ONU concordou com a retirada gradual de Darfur, da sua força de paz conjunta com a União Africana, atualmente com 7.800 militares no país.
O Darfur é palco desde 2003 de conflitos entre forças sudanesas e rebeldes de minorias étnicas que se dizem "marginalizados pelo governo central".
Segundo as Nações Unidas, o conflito em Darfur fez cerca de 300 mil mortos e mais de 2,5 milhões de deslocados.