A Eurocontrol estima que se estejam a realizar menos 20 a 30 mil voos no espaço europeu.
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A Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea (Eurocontrol) estimou esta segunda-feira que o setor aeronáutico europeu vá perder 110 mil milhões de euros este ano devido à pandemia de Covid-19, entre companhias aéreas, aeroportos e prestadores de serviço.
"Haverá uma perda total de receitas da indústria de aproximadamente 110 mil milhões de euros durante 2020 para as companhias aéreas, aeroportos e prestadores de serviços de navegação aérea", indica a entidade europeia numa análise divulgada.
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Para chegar a este valor, a Eurocontrol teve "em conta os pontos de vista de muitas outras entidades importantes", como a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), a Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), o Conselho Internacional dos Aeroportos (ACI) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como "contactos com presidentes de principais companhias aéreas europeias".
Nesta análise publicada no seu 'site' a Eurocontrol traça dois diferentes "cenários de tráfego" relacionados com a recuperação do setor, que regista atualmente quebras de operação na ordem dos 90% dadas as medidas restritivas adotadas pelos Estados-membros da União Europeia para tentar conter a propagação da pandemia (incluindo limitações nas viagens entre países).
E, segundo a organização europeia, enquanto uma abordagem coordenada entre os Estados-membros iria permitir "o início da recuperação em meados de junho, com a total retoma em julho", a adoção de medidas descoordenadas a nível comunitário "iria afetar significativamente a taxa de recuperação".
Frisando que estes dois cenários dependem "muito de variáveis como a duração e a dimensão da pandemia em toda a Europa, que ainda não são claras", a Eurocontrol afirma já como adquirido que, "se as companhias aéreas tiverem de cumprir um conjunto de regulamentos à partida e outro conjunto quando o voo chega a outro Estado-membro, isso será particularmente oneroso para o setor".
Então, no que toca ao cenário das medidas coordenadas, que prevê uma abordagem comum para estabelecer procedimentos operacionais e para levantar as restrições nacionais, a Eurocontrol prevê uma quebra de 45% (menos cinco milhões) nos voos realizados este ano dentro da Europa face ao período homólogo de 2019.
Eurocontrol recomenda uma abordagem coordenada
Se cada país europeu começa a ditar as suas regras indivudalmente, as quebras na operação podem chegar aos 57% em 2020 (menos 6,2 milhões de voos) a nível europeu, também face ao ano anterior.
Para esta análise, a Eurocontrol teve apenas em conta o tráfego intraeuropeu por assumir que este será o primeiro a ser retomado.
"A diferença entre os dois cenários é significativa e realça que o desenvolvimento de uma abordagem comum é vital para minimizar a perturbação e o custo da pandemia", frisa a organização europeia, apelando então a que os Estados-membros se coordenem no levantamento das restrições e na aplicação de normas de segurança no setor.
Em ambos os casos, segundo os dados divulgados nesta análise, a recuperação só se deverá intensificar no final do ano, com as quebras a baixarem para -20% em outubro e só a descerem para -15% em fevereiro de 2021, isto no cenário mais positivo.
Atualmente (dados da semana passada) as quebras no tráfego aéreo europeu chegam aos 89%, com os voos de passageiros praticamente parados e a serem colmatados com os de transporte de mercadorias (voos de carga). Esta percentagem compara com uma redução de 41% em meados de março.
Ainda segundo a Eurocontrol, em média, estão a ser efetuados por dia cerca de três mil a quatro mil voos na Europa, menos 20 a 30 mil do que no mesmo período de 2019.