Sara Winter passou de feminista radical a organizadora do primeiro congresso antifeminista do Brasil e agora é membro do Executivo brasileiro.
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Quem via Sara Winter no início desta década a protestar de topless ou completamente nua Brasil afora, como representante no país do grupo feminista Femen, de origem ucraniana, mal podia imaginar que, anos depois, a mesma pessoa organizaria o primeiro congresso antifeminista do país.
O aborto foi o tema central de um encontro que reuniu 300 pessoas numa igreja do Rio de Janeiro - e que oferecia bonequinhos a simular fetos à mesa do coffee break.
Entretanto, uma das convidadas no seminário foi Ana Caroline Campagnolo, autodefinida "antimarxista, antifeminista e cristã" e hoje deputada estadual pelo PSL, o partido do presidente Bolsonaro.
Ana Caroline tornou-se uma referência do neoconservadorismo brasileiro ao processar a sua orientadora de mestrado, que desistiu de supervisionar o seu projeto "Virgindade e Família".
Mais recentemente propôs que alunos denunciassem professores que falassem de política nas salas de aula.
Ora Ana Caroline Campagnolo serviu de elo de ligação entre a ex-feminista, hoje antifeminista Sara Winter, e Damares Alves, a ministra dos direitos humanos que quer meninos de azul e meninas de cor-de-rosa e se envolve em polémicas semanais.
Vai daí, Sara Winter, que ainda em 2014 simulou a castração do então deputado Jair Bolsonaro, num evento na Avenida Atlântica de Copacabana chamado Cortar o Mal Pela Raiz, é a mais nova integrante do governo do capitão reformado, a convite de Damares.
Vai coordenar as políticas para a maternidade.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da TSF a crónica Acontece no Brasil.