Sindicato aponta para 400 mil pessoas em Paris. Manifestações marcadas por confrontos
Os franceses manifestam-se contra a reforma da lei das pensões no país. Há pelo menos oito pessoas detidas.
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As manifestações em Paris sucedem-se e esta quinta-feira não foi exceção. De acordo com o sindicato Confederação Geral do Trabalho (CGT), 400 mil pessoas juntaram-se na capital francesa para protestar contra a revisão da lei das pensões em França.
A 11.ª jornada da mobilização ficou marcada por confrontos entre manifestantes e polícias, havendo, pelo menos, oito detenções.
"Temos a impressão de que estamos diante de um governo surdo (...) que Emmanuel Macron não está nem um pouco interessado no que está a acontecer no seu próprio país", disse à AFP Elise Bouillon, estudante de Arquitetura e Urbanismo, que protestou em Paris contra o que chamou reforma "injusta e brutal".
Segundo a Agence France-Presse (AFP), um grupo de manifestantes radicais entraram em confronto com as autoridades, tendo incendiado um toldo de um restaurante local apreciado por Emmanuel Macron.
Escolas e universidades foram bloqueadas e algumas viagens de comboio foram canceladas.
Uma reunião na quarta-feira entre a primeira-ministra, Élisabeth Borne, e os líderes sindicais serviu apenas para constatar que os dois lados mantêm as suas posições inflexíveis e aguardam a decisão do Conselho Constitucional, marcada para 14 de abril.
"A única solução é a retirada da reforma", reiterou nesta quinta-feira a nova líder do sindicato CGT, Sophie Binet, para quem, diante da "profunda revolta", o Governo "atua como se nada estivesse a acontecer" e "vive numa realidade paralela".
O governo nega-se a desistir da reforma, que aumenta idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e antecipa para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos, e não os atuais 42, para o direito a uma pensão integral. As medidas são rejeitadas por dois terços dos franceses, de acordo com as sondagens.
A apresentação da reforma em janeiro provocou uma onda de protestos, que ficou ainda mais radical em 16 de março, quando o Presidente francês, Emmanuel Macron, decidiu adotar a lei por decreto, devido ao receio de uma derrota no Parlamento, onde o governo não tem maioria absoluta.
As autoridades mobilizaram mais 11 mil polícias nesta quinta-feira. Oito pessoas foram detidas em Paris até o início da tarde.
O governo afirma que elevar uma das menores idades de reforma da Europa permitirá evitar um futuro défice, mas os críticos afirmam que a reforma pune as mulheres com filhos e as pessoas que começaram a trabalhar muito jovens.
Desde 7 de março, quando os sindicatos mobilizaram 1,28 milhões de pessoas, segundo a polícia, e 3,5 milhões, de acordo com o sindicato CGT, as manifestações perderam intensidade. Em 28 de março, entre 740 mil e 2 milhões de pessoas saíram às ruas.