Pelo menos 28 pessoas foram mortas hoje na Síria, no dia em que se vota o referendo organizado pelo regime sobre uma nova Constituição.
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«Nove civis foram mortos por tiros de morteiro e quatro soldados, entre os quais um oficial do exército, morreram durante combates com desertores» em Homs, cidade rebelde no centro da Síria que está a ser bombardeada há três semanas, precisou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Vários morteiros foram disparados sobre o bairro de Baba Amr, onde estão bloqueados dois jornalistas ocidentais feridos. Várias explosões foram sentidas nos bairros de Kam al-Zeitoun e tiros intensivos estão a ser disparados em Bab Sbaa e Hamidiyé, disse a mesma fonte.
Em outras zonas do país, as forças sírias mataram dois civis na província de Deraa, berço da contestação no sul, e um homem de 45 anos foi abatido em Maaret al-Nomane, indicou o OSDH.
Na província de Deraa, três membros das forças de segurança foram mortos, em Dael morreram dois soldados e em Nawa um agente de segurança foi morto.
Os sírios são hoje chamados a pronunciar-se no referendo, num clima de violência sem precedentes, sobre a nova Constituição que suprime o monopólio do partido Baas, mas mantém vastos poderes do chefe de Estado.
O projeto de Constituição surge no âmbito das reformas prometidas pelo regime para tentar acalmar a contestação, mas a oposição, que não vê grandes mudanças no novo texto e exige a saída do poder do Presidente Bashar al-Assad, apelou ao boicote à votação.
A repressão já fez mais de 7.600 mortos em 11 meses de revolta popular, segundo ativistas dos direitos humanos, e a violência não parece abrandar.
Ao abolir o artigo 8 da Constituição de 1973, que estipula que o partido Baas «é o dirigente do Estado e da sociedade», o texto abre caminho ao pluralismo político.
O chefe de Estado mantém poderes consideráveis e pode escolher o primeiro-ministro e o Governo independentemente da maioria parlamentar e pode mesmo rejeitar algumas leis.
Mais de 14 milhões de eleitores com mais de 18 anos podem votar em 13.835 locais. Os sunitas representam cerca de 75 por cento da população, o resto divide-se por diferentes comunidades, incluindo os 12 por cento de alauítas aos quais pertence Assad.
Foram colocados cartazes na capital e a televisão estatal divulgou informação sobre o referendo. «É a primeira vez que as mensagens se limitam a convidar os eleitores a votar sem os incitar a aprovar a Constituição », disse à agência noticiosa France Presse o ministro da Informação, Adnane Mahmud.