A convicção é manifestada pela ONG Human Rights Watch que revela esta terça-feira, em Berlim, o relatório anual de 2013 sobre os Direitos do Homem.
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A principal preocupação da ONG Human Rights Watch (HRW) é a Síria. O relatório revelado na Alemanha, esta segunda-feira de manhã, aponta mortes por esclarecer, massacres por atribuir, civis por localizar, responsabilidades por apurar.
Kenneth Roth, o director executivo da Human Rights Watch, diz que nem a conferência Genebra II, que começa esta quarta-feira, permite dar esperança à paz.
«Toda a gente, quer o ver o fim da violência. Mas ninguém acredita que estas conversações de paz possam conduzir a uma solução pacífica e à constituição de um governo de transição nos tempos mais próximos. E por isso, na Human Rights Watch, acreditamos que as atrocidades em massa que estão a ser cometidas na Síria devem ser o verdadeiro e unico foco de qualquer esforço diplomático», disse.
A ONG reforça o apelo para o fim das atrocidades no terreno como a única forma de abrir caminho para uma solução da guerra na Síria.
O relatório de 2013 mostra que a comunidade internacional agiu melhor noutros sítios que na Síria, mesmo que os resultados não sejam ainda totalmente satisfatórios. E Kenneth Roth aponta três exemplos africanos.
«Houve três situações em África, onde o mundo agiu, com relativa agilidade, para travar atrocidades. Na República Centro Africana, no Sudão do Sul e no Congo Ocidental. Em cada um destes casos foram enviados para o terreno forças de manutenção e imposição de paz. E apesar de nenhum dos casos estar resolvidos, em cada uma destas situações, a intervenção impediu o agravamento das atrocidades», defendeu Roth.
Neste relatório, a HRW manifesta ainda preocupações sobre abusos de poder na Turquia e no Egipto e na generalidade dos regimes autoritários, como a Coreia do Norte.
Há ainda um capitulo inteiro sobre o programa de espionagem norte-americano, baseado na Agência Nacional de Segurança. A Human Rights Watch faz notar que mesmo as recentes alterações nos métodos da NSA, anunciada pelo presidente Obama, estão construidas em pressupostos errados.
«Uma forma de ilustrar esta abordagem, é imaginar que o governo coloca uma câmara de video no nosso quarto e diz que as imagens vão diretamente para um computador do governo. E o governo diz-nos: "não se preocupem. Nós não vamos olhar. A não ser que suspeitemos que vocês estão envolvidos em algo de errado», explicou.
A Human Rights Watch diz que, apesar de tudo, o ano passado trouxe algumas boas noticias, no campo da defesa dos direitos humanos: uma convenção internacional para defender os direitos das trabalhadores domésticas, e uma outra para proibir o uso de mercúrio, fonte de envenenamento da água e da alimentação.