O presidente da Cruz Vermelha Internacional disse hoje estar alarmado com o caos que envolve a retirada de civis dos bairros cercados de Homs e pediu às partes em conflito que respeitem a lei humanitária.
Corpo do artigo
«Estou preocupado com as condições em que a retirada tem sido feita e com o número de pessoas que continuam encurraladas e sem ajuda entre linhas da frente por toda a Síria», disse Peter Maurer num comunicado citado pela agência France Presse.
«O pessoal humanitário a trabalhar em Homs durante a semana passada enfrentou um ambiente extremamente difícil em matéria de segurança», disse, lamentando que nenhuma das partes em conflito tenha oferecido «um compromisso firme com o respeito dos princípios básicos da lei humanitária».
A operação humanitária, liderada pela ONU, conseguiu até ao momento retirar cerca de 1.400 civis dos bairros do centro histórico de Homs cercados há 600 dias pelas forças governamentais e fazer chegar alguma ajuda aos que ali permanecem.
Mas a operação, lançada depois de meses de negociações mediadas pelas Nações Unidas, tem sido marcada por várias violações da trégua nos combates que deveria vigorar até estar concluída. Mais do que uma vez, colunas transportando ajuda humanitária foram atacadas matando 14 pessoas no total.
Maurer sublinhou hoje que os funcionários humanitários só podem entregar a ajuda desesperadamente necessária se todas as partes acordarem respeitá-los e protegê-los, como «exige a lei humanitária internacional».
«A situação em Homs e noutras zonas cercadas é altamente complexa, mas os princípios básicos da lei são claros», disse, sublinhando a responsabilidade das partes em garantir as necessidades básicas dos civis sob seu controlo ou assegurar que o pessoal humanitário tem condições para o fazer.
Organizações como o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) ou o Crescente Vermelho Sírio precisam de «ter contacto direto com as pessoas para avaliar as suas necessidades», porque, sublinhou, um milhão de sírios estão a viver em «condições extremamente difíceis».
O CICV é o garante das Convenções de Genebra sobre conflitos armados, mas observadores afirmam que a organização está relutante em se envolver na retirada de civis de Homs porque a operação está a ser feita num contexto de constante violação das regras definidas.