
epa06671917 French President Emmanuel Macron (C) poses on the TV set before an interview with RMC-BFM and Mediapart French journalists at the Theatre national de Chaillot in Paris, 15 April 2018. Macron releases the interview after United States, Britain and France decided to launch air strikes in Syria in response to a suspected chemical weapons attack on 14 April 2018. EPA/FRANCOIS GUILLOT / POOL
François Guillot/EPA
O Presidente francês afirmou que os ataques ocidentais contra a Síria foram um sucesso "no plano militar" e revelou ter convencido o presidente dos Estados Unidos a não retirar as tropas do terreno.
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"No plano militar tivemos sucesso na operação", declarou Emmanuel Macron em entrevista à televisão, este domingo, acrescentando que "foi a comunidade internacional que interveio", numa referência à operação comum dos Estados Unidos, França e Reino Unido, realizada na madrugada de sábado, fora do quadro das Nações Unidas.
O Presidente francês garantiu ter convencido Donald Trump, que tinha manifestado a intenção de retirar as tropas norte-americanas no terreno, "a permanecer" na Síria, na sequência dos ataques dos Estados Unidos, França e Reino Unido na madrugada de sábado.
"Há dez dias, o Presidente Trump dizia que os Estados Unidos admitiam a hipótese de se descomprometerem com a Síria, mas convencemo-lo que era necessário permanecer (...) asseguro-vos, convencemos que era necessário permanecer", declarou.
Nas mesmas declarações, o chefe do Eliseu assegurou ainda que a França "não declarou guerra ao regime" de Bashar al-Assad e recordou a vontade de Paris de encontrar uma solução política "inclusiva" à guerra na Síria, que junte todos os setores envolvidos na crise.
Os Estados Unidos, a França e o Reino Unido realizaram no sábado uma série de ataques com mísseis contra alvos associados à produção de armamento químico na Síria, em resposta a um alegado ataque com armas químicas na cidade de Douma, Ghouta Oriental, por parte do governo de Bashar al-Assad.
A ofensiva consistiu em três ataques, com uma centena de mísseis, contra instalações utilizadas para produzir e armazenar armas químicas, informou o Pentágono.
O presidente dos Estados Unidos justificou o ataque como uma resposta à "ação monstruosa" realizada pelo regime de Damasco contra a oposição.
Segundo o secretário-geral da NATO, a ofensiva teve o apoio dos 29 países que integram a Aliança.
O ataque da madrugada de sábado foi uma reação ao alegado ataque com armas químicas contra a cidade rebelde de Douma, em Ghouta Oriental, ocorrido no dia 07 de abril e que terá provocado 40 mortos e afetado 500 pessoas.
Na sequência destes ataques, e a pedido da Rússia, realizou-se uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU, na qual foi rejeitada uma proposta de condenação da ofensiva militar, apresentada pelos russos.
Este domingo, o presidente russo, Vladimir Putin, avisou que novos ataques à Síria por países europeus e Estados Unidos podem provocar "o caos" nas relações internacionais, enquanto o líder sírio, Bashar al-Assad, acusou os Estados Unidos e os seus aliados de lançarem uma "campanha de falácias e mentiras" após a ofensiva militar lançada no sábado por Washington, Londres e Paris.
Na segunda-feira, será entregue ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução sobre a Síria, que inclui um novo mecanismo de controlo sobre o uso de armas químicas. O texto, redigido pela França, abrange três áreas: química, humanitária e política, segundo fontes diplomáticas.