Sismo no Afeganistão: ACNUR relata "aldeias inteiras destruídas" e diz-se preocupada com "crianças e mulheres"
Último balanço do sismo aponta para mais de 1400 mortos e quase 3000 feridos
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O Afeganistão foi, este domingo, atingido por um sismo de 6 na escala de Richter que, até agora, já provocou a morte a mais de 1400 pessoas e quase três mil feridos. O abalo arrasou aldeias e deixou muitas pessoas presas sob os escombros durante várias horas. Em declarações à TSF, Joana Feliciano, responsável pela comunicação da divisão portuguesa da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), faz o retrato da situção "catastrófica" que se vive nesta altura na zona leste daquele país: "Aldeias inteiras destruídas, estradas bloqueadas e infraestruturas danificadas."
"A província de Kunar é a mais gravemente afetada. É também uma das províncias, juntamente com Nangarhar, que acolhe mais pessoas repatriadas. Muitos regressados que chegaram este ano, milhões deles que chegaram vindos do Irão e Paquistão, afegãos que regressaram para retomarem a sua vida no seu país de origem e que agora veem-se com mais uma catástrofe na sua vida. Os serviços de saúde estão sobrecarregados e as operações de resgate são dificultadas, pela própria falta de infraestruturas e destruição no terreno", explica à TSF Joana Feliciano.
Desde segunda-feira que as Nações Unidas se têm coordenado com as autoridades taliban para avaliarem as necessidades e prestarem toda a assistência. Joana Feliciano sublinha que estão particularmente preocupados com as mulheres e as crianças afetadas. "A ACNUR está presente no Afeganistão há quatro décadas e mobilizou resposta imediatamente assim que surgiu o sismo e partiu, desde logo, para a distribuição de tendas, artigos de socorro e também reforço de equipas de emergência para as zonas atingidas. Mas, na ACNUR [Portugal], estamos particularmente preocupados com as mulheres e crianças, que são das mais afetadas pelo terramoto e que estarão novamente entre as pessoas de maior risco. Neste momento, apoiá-las pode ser ainda mais complicado devido à escassez de pessoal humanitário devido à escassez dos fundos", alerta.
Nos últimos tempos, o Afeganistão tem sido afetado por várias catástrofes, como seca extrema e cheias. A responsável pela comunicação da ACNUR em Portugal refere que "esta catástrofe soma-se às múltiplas crises que este país atravessa".
"Estamos a falar de um país que atravessa uma seca prolongada, apesar de, há umas semanas, ter tido cheias repentinas. Portanto, podemos ver os efeitos extremos das alterações climáticas no terreno e o que isso impacta no dia a dia das pessoas, que estão sempre a recontruir as suas vidas, a perder tudo e a terem de se reerguer e só o conseguem fazer com esta ajuda humanitária. Para um país que já enfrentava várias necessidades e vulnerabilidades, nomeadamente ao nível da pobreza, dos direitos humanos, do seu contexto histórico e político, deixamos um apelo urgente a todas as pessoas e organizações para conseguirmos reforçar este apoio, que é um apoio diretamente a estas pessoas, que também têm o direito de viver com dignidade", acrescenta.
