"Sistema vai entrar em colapso." Médicos do Mundo reforçam ajuda humanitária na Síria
Em declarações à TSF, o presidente dos Médicos do Mundo na Turquia, Hagan Bilkin, refere que com a mudança de regime e o regresso de muitos sírios ao país as necessidades estão a aumentar e fala numa "situação de emergência"
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Os Médicos do Mundo vão reforçar a ajuda humanitária na Síria. A organização tem mais de 20 clínicas no país, mas com a mudança de regime e o regresso de muitos sírios as necessidades estão a aumentar. Esta semana, chegaram mais equipas dos Médicos do Mundo a Alepo, mas a ajuda vai estender-se também a Hama, Homs e Damasco. Em declarações à TSF, o presidente dos Médicos do Mundo na Turquia, Hagan Bilkin, avisa que o sistema está à beira da rutura.
"O sistema vai entrar em colapso: todo o sistema em torno do sistema de saúde e do lado do Governo. Estamos a assistir a um aumento das necessidades e o regresso à Síria dos refugiados que estão na Turquia vai tornar o fardo ainda mais pesado para um sistema fraco a todos os níveis. Desde a saúde às infraestruturas, são os desafios que enfrentamos nesta altura", explica à TSF Hagan Bilkin, adiantando que a organização vai ter mais equipas em várias cidades sírias, como Alepo, Hama e Homs, com o objetivo de "avaliar a situação e perceber o que pode ser feito para ajudar a população".
O presidente dos Médicos do Mundo na Turquia fala numa "situação de emergência" e avisa que vai demorar muito tempo a reconstruir a Síria. "Neste momento, aquilo de que precisamos é pessoal médico, precisamos de trabalhadores qualificados. Estamos a tentar uma intervenção para acudir a uma situação de emergência, mas os hospitais têm de ser reconstruídos. Precisamos de profissionais de saúde qualificados, médicos, enfermeiros e técnicos. Vai levar muito tempo e muitos recursos", reconhece.
Os Médicos do Mundo calculam que mais de 16 milhões de pessoas precisam de ajuda na Síria. A organização pede a todos os envolvidos na região que respeitem os direitos humanos, não avançando com deportações dos sírios. A organização pede também que facilitem a ajuda humanitária, nomeadamente, o acesso dos trabalhadores do setor da saúde.
Os rebeldes lançaram uma ofensiva relâmpago em 27 de novembro a partir da cidade de Idlib, um bastião da oposição, e conseguiu expulsar em poucos dias o exército de Assad das capitais provinciais de Alepo, Hama e Homs, abrindo caminho para Damasco.
Os rebeldes islamitas que derrubaram o regime sírio nomearam Mohammad al-Bashir como novo primeiro-ministro responsável pela transição na Síria.
O partido Baath, no poder na Síria há mais de 50 anos, anunciou a suspensão das suas atividades "até nova ordem".