Situação "mais calma" em Moçambique. Protestos fazem vários mortos e feridos, "reforço policial" mantém-se nas ruas
O Hospital Central de Maputo revelou, esta sexta-feira, que pelo menos três pessoas morreram. Ainda assim, os números das vítimas ainda estão a ser confirmados
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A cidade de Maputo acordou, esta sexta-feira, mais calma depois de um dia de protestos reprimidos violentamente pela polícia. Há registo de vários mortos e dezenas de feridos. À TSF, Wilker Dias, da plataforma decide que faz a monitorização das vítimas da repressão policial, explica que os moçambicanos tentam regressar à vida normal, apesar da instabilidade política.
"A situação está mais calma. Se fizermos uma análise comparativa, a agitação pelas diversas artérias está um pouco mais calma, as pessoas tentam voltar à vida normal", afirma, em declarações à TSF. Ainda assim, a polícia continua nas ruas.
"Ainda é visível o reforço policial nas ruas por se temer que possa ocorrer um reacender da manifestação. Não são só os polícias que estão nas ruas, mas também temos a presença dos militares, em grande medida nos diversos pontos da capital", sublinha.
Wilker Dias adianta que há pelo menos quatro mortos e dezenas de baleados. No entanto, os números ainda estão a ser confirmados. O Hospital Central de Maputo revelou, esta sexta-feira, que pelo menos três pessoas morreram e 66 ficaram feridas durante os confrontos entre os manifestantes e a polícia no oitavo dia das greves convocadas por Venâncio Mondlane.
Durante todo o dia de quinta-feira, enquanto eclodiam focos de conflitos em toda a capital, incluindo no centro de Maputo com manifestantes a montarem barricadas de pneus a arder em várias artérias centrais, o comportamento dos militares, que chegaram também a escoltar sem incidentes manifestantes que queriam regressar a casa, foi reconhecido por vários setores da sociedade, sendo até visíveis momentos de interação pacífica com a população.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 9 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo anteriormente convocada para quinta-feira, 7 de novembro.
Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 9 de outubro em Moçambique, anunciou quinta-feira que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.
