O Presidente russo Vladimir Putin disse aguardar que "impere o bom senso" no caso Skripal, na origem de uma grave crise diplomática entre a Rússia e os países ocidentais.
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"Esperamos que o bom senso prevaleça e que acabemos de infligir este imenso dano às relações internacionais", declarou Putin durante uma conferência de imprensa em Ancara após uma cimeira sobre a Síria com os homólogos turco e iraniano.
A declaração surge no momento em que decorria em Haia, na sede da Organização para a proibição de armas químicas (OIAC) sobre o envenenamento do ex-duplo espião russo Serguei Skripal.
A Rússia pediu uma reunião para quinta-feira do Conselho de Segurança da ONU sobre o caso Skripal, anunciou o embaixador russo nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia.
"A pedido do nosso Governo, pedimos que convoquem para amanhã [quinta-feira] às 15h00 [20h00 em Lisboa] uma reunião pública do Conselho de Segurança sobre a carta da primeira-ministra britânica Theresa May" que questiona a Rússia no envenenamento do ex-espião Serguei Skripal e de sua filha Yulia em 4 de março em Salisbury (sudoeste de Inglaterra), declarou o embaixador russo.
Vassily Nebenzia não forneceu mais detalhes sobre os motivos que levaram a Rússia a pedir esta reunião específica do Conselho de Segurança sobre o caso Skripal. Apenas indicou que enviaria nas próximas horas uma carta ao Conselho para precisar a posição russa.
Em 14 de março, por iniciativa do Reino Unido, o Conselho de Segurança manteve uma reunião de urgência sobre este dossiê e durante a qual os Estados Unidos consideraram Moscovo "responsável" pelo envenenamento do ex-espião.
Alguns dias após o envenenamento de Serguei Skripal e de Yulia, Theresa May pôs em causa Moscovo, ao considerar que se tratava "da única explicação plausível".
A Rússia, que reclama a sua inocência desde o início, considera a sua posição reforçada pelas declarações do laboratório britânico que analisou a substância utilizada contra o ex-espião.
A substância foi identificada como sendo Novichok, um agente nervoso de tipo militar cuja origem seria um laboratório soviético, mas reconheceu não ter qualquer prova de que fosse proveniente da Rússia.
Serguei Skripal é um antigo coronel do serviço de informações do exército russo, condenado em 2006 por "alta traição" após ser acusado de vender informações aos britânicos. Em 2010 beneficiou de uma troca de espiões organizada por Moscovo, Londres e Washington, e instalou-se em Inglaterra.