A justiça em Espanha tem duas faces e os debates políticos metem medo ao galego Jesus Martinez. O antigo camionista prefere falar de pesca, apesar de o principal porto da região já não ser o que era.
Corpo do artigo
É ao fim de tarde de domingo que Jesus Martinez costuma passear junto ao paredão da baía do porto de Vigo. É também do alto dos seus 73 anos que aponta para a água. "Toda esta zona e mais outras ali à frente tinham muitas fanecas e polvos. Aqui havia muita pesca", diz.
As fanecas e os polvos sempre encheram o cesto e a alma ao reformado. Agora começa a haver menos espécies. "Desde há cerca de 5 anos a pesca falhou muito porque deitam muito lixo ao mar e, não sei porquê, mas esses tipos de peixes desapareceram".
Jesus Martinez começou a trabalhar com 13 anos. Sempre gostou da pesca mas a vida levou-o para o volante de um camião, "transportava vinho".
Tem 4 filhos, todos empregados. Conhece bem o dia-a-dia dos pescadores de Vigo. "Saem todos os dias às 8 ou dez da noite e regressam às 4 ou 5 da manhã e trazem muita pesca. A partir deste mês a sardinha é um peixe muito apreciado. Às sete da manhã isto aqui está cheio de camiões e camionetas. Repartem muito e só em Vigo há cerca de 40 mil peixarias", detalha.
O turismo e a indústria automóvel juntam-se à pesca como principais motores da economia da região. Vigo é a cidade com mais habitantes da Galiza - tem cerca de 300 mil.
Jesus Martinez diz que a pesca já teve melhores dias porque "primeiro iam 6 ou 7 marinheiros, agora vão 4 ou 5 nos barcos. Os impostos são muitos e não se pode".
Quando a conversa chega à política, o reformado diz que a corrupção que atingiu o país é "de meter medo" e que, nos debates, só sabem "insultar-se e não apresentam soluções". E termina dizendo que há uma justiça para os que têm o poder e outra para o povo.
"Eleições Espanholas. A TSF na estrada com o apoio da SEAT"