Sobreviventes de Hiroshima pedem à justiça que trave reativação de central nuclear
No dia em que passam cinco anos do acidente de Fukushima, um grupo de sobreviventes à bomba atómica avança com uma ação junto do tribunal para evitar a reativação de uma central nuclear de Ikata.
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O grupo de cidadãos da cidade japonesa de Hiroshima pede ao Tribunal do Distrito de Hiroshima, no sudoeste do Japão, que ordene a suspensão do processo de reativação da central de Ikata, face ao risco de ocorrer um acidente idêntico ao verificado em Fukushima, causado por um terramoto seguido de um tsunami a 11 de março de 2011.
Os três reatores de Ikata encontram-se desativados, mas a proprietária da central, a Shikoku Electric, prevê voltar a operacionalizar uma unidade ainda esta primavera, após obter luz verde da Autoridade de Regulação Nuclear (NRA).
O grupo de demandantes é composto por 67 pessoas, incluindo 18 "hibakusha", nome pelo qual são conhecidos no Japão os sobreviventes dos bombardeamentos atómicos na II Guerra Mundial.
A ação foi apresentada no mesmo dia em que o Japão assinala os cinco anos do desastre de Fukushima com uma série de atos de homenagem às vítimas e uma cerimónia solene em Tóquio, que vai contar com políticos e outros dignitários e com a família imperial japonesa.
A iniciativa também surge dois dias depois de um tribunal ter dado razão a uma ação interposta por um grupo de pessoas que considera que o funcionamento de outra central japonesa (em Takama) representa um perigo para a região em face da possibilidade de sofrer um acidente idêntico ao de Fukushima.
A 11 de março de 2011, um sismo de magnitude 9 na escala de Ritcher e o tsunami que se seguiu devastaram o nordeste do Japão, e provocaram graves danos na central de Fukushima Daiichi. Mais de 18 mil pessoas morreram. Cinco anos depois, 74 mil habitantes da região continuam sem regressar às suas casas num raio de entre 10 e 20 quilómetros em torno da central.